17.06.2013 Views

o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

fato são e da forma como efetivamente ag<strong>em</strong>. Consequent<strong>em</strong>ente, aponta seus êxitos e seus<br />

fracassos na constante busca pelo po<strong>de</strong>r.<br />

A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r nos escritos do florentino, segundo Vries, é também expressa por<br />

outros dois termos: Potência e Império 66 . O primeiro termo é, na vida dos stati, “[...] a<br />

possibilida<strong>de</strong> real <strong>de</strong> vencer e <strong>de</strong> coagir por meios eficazes” (VRIES, 1957, p. 16). Já o<br />

segundo termo t<strong>em</strong> seu significado “[...] no exercício contínuo <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r político tendo o<br />

apoio <strong>de</strong> uma potência eficaz” (VRIES, 1957, p. 16). Assim, “[...] segue-se no fundo que o<br />

império é verda<strong>de</strong>iramente o po<strong>de</strong>r, o po<strong>de</strong>r propriamente dito, o po<strong>de</strong>r uno e indivisível”<br />

(VRIES, 1957, p. 19).<br />

No capítulo III <strong>de</strong> O Príncipe, quando aponta para os stati mistos: aqueles que<br />

resultam da mistura <strong>de</strong> alguns m<strong>em</strong>bros novos a um <strong>stato</strong> hereditário, Maquiavel adverte ao<br />

novo príncipe que se faça precavido quanto ao po<strong>de</strong>r daqueles que ali já habitavam. Orienta<br />

que utilize <strong>de</strong> recursos necessários a fim <strong>de</strong> enfraquecer os mais po<strong>de</strong>rosos e também para não<br />

permitir a entrada <strong>de</strong> alguém tão po<strong>de</strong>roso quanto ele, pois é b<strong>em</strong> provável que este ganhe<br />

a<strong>de</strong>são daqueles que tiveram seu po<strong>de</strong>r abatido. Além disso, aconselha que se torne <strong>de</strong>fensor<br />

daqueles habitantes mais fracos, mas que o faça <strong>de</strong> forma tão engenhosa que não lhes aumente<br />

o po<strong>de</strong>r. Essas observações, segundo o autor, são importantes para que o príncipe garanta sua<br />

conquista s<strong>em</strong> imprevistos <strong>de</strong>sastrosos. O rei Luís, como cita Maquiavel, foi infeliz ao<br />

cometer esses erros: “[...] aniquilou os menos po<strong>de</strong>rosos; aumentou, na Itália, o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> um<br />

po<strong>de</strong>roso” (O Príncipe, III).<br />

Essa última falha, aumentar o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> outra pessoa, pressupõe que esse po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>rive<br />

ou da astúcia ou da força, e tanto uma qualida<strong>de</strong> como a outra, segundo Maquiavel é suspeita<br />

ao novo po<strong>de</strong>roso. Trata-se <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>s que qualquer príncipe pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ve procurar não<br />

<strong>de</strong>spertar <strong>em</strong> outro, pois “[...] constata-se facilmente que aquele que mantém a potência, a t<strong>em</strong><br />

66 Para especificar o uso que Maquiavel faz do termo imperio, Vries recorre à etimologia da palavra, pois,<br />

segundo ele, <strong>em</strong> 65% das ocorrências <strong>de</strong> imperio <strong>em</strong> O Príncipe, o termo correspon<strong>de</strong> a imperium romanum.<br />

O pesquisador explica que, “[...] na orig<strong>em</strong>, o imperium era conferido <strong>em</strong> vida ao rei eleito e compreendia ‘a<br />

totalida<strong>de</strong> do po<strong>de</strong>r executivo sob sua quádrupla forma civil, militar, judiciária e religiosa’” (VRIES, 1957, p.<br />

26). Quando se aboliu a função real, com exceção ao po<strong>de</strong>r religioso, todos os outros po<strong>de</strong>res foram<br />

conferidos aos consoles. No início, eles a receberam <strong>de</strong> forma plena, mas <strong>de</strong>pois o imperium foi dividido <strong>em</strong><br />

parcelas e partes <strong>de</strong>las foram concebidas a outros magistrados. Entre esses magistrados existiam os proconsul<br />

que governavam províncias e não usufruíam o direito civil romano. Esses que no início ainda não possuíam<br />

competências ilimitadas, após reformas no exercício do imperium na Itália, tiveram ao fim da república um<br />

“imperium infinitum majus imperium”. Esse novo imperium foi concebido ao imperador Augusto e àqueles<br />

que proce<strong>de</strong>ram ao cargo. De acordo com Vries (1957, p. 26), “[...] sob o Império, o termo imperium<br />

terminou <strong>de</strong>signando, <strong>de</strong> um lado, o território submetido ao imperador e, <strong>de</strong> outro lado, o po<strong>de</strong>r supr<strong>em</strong>o e<br />

onipotente que os imperadores presumidamente exerciam”. É nesse segundo sentido <strong>de</strong> imperium que Vries<br />

indica que ocorreu a evolução para a abstração do po<strong>de</strong>r supr<strong>em</strong>o.<br />

84

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!