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o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

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por Maquiavel a fim <strong>de</strong> investigar precisamente suas significações. Segundo Vries (1957, p.<br />

55), a noção <strong>de</strong> <strong>stato</strong> (último termo analisado por ele e estudado a partir da relação com os<br />

termos prece<strong>de</strong>ntes) “[...] ainda não está separada da realida<strong>de</strong> dos homens que o constitu<strong>em</strong>”.<br />

Ou seja, na teoria política <strong>de</strong> Maquiavel, tal noção, <strong>em</strong>bora <strong>em</strong> vias <strong>de</strong> abstração, ainda se<br />

refere a algo concreto, pois o <strong>stato</strong>, segundo ele, “[...] é um agrupamento <strong>de</strong> homens que<br />

exerc<strong>em</strong> juntos os po<strong>de</strong>res políticos e militares supr<strong>em</strong>os” (VRIES, 1957, p. 54). Esse estudo<br />

terminológico, <strong>em</strong>bora <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para o nosso trabalho, principalmente no que<br />

diz respeito às relações apontadas entre <strong>stato</strong> e outros termos utilizados por Maquiavel, ainda<br />

não nos cont<strong>em</strong>pla com uma <strong>de</strong>finição precisa do termo. A análise <strong>de</strong> Vries parece ten<strong>de</strong>r<br />

mais à tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir uma teoria geral do <strong>stato</strong> e não o que seria propriamente esse <strong>stato</strong>.<br />

Além disso, <strong>em</strong> seus apontamentos, sobre os vários el<strong>em</strong>entos a partir dos quais o <strong>stato</strong> po<strong>de</strong><br />

ser pensado, o termo parece fragmentado e o autor não oferece um caminho para uma possível<br />

unificação. Perguntaríamos, então: Será possível pensar o <strong>stato</strong> <strong>maquiavel</strong>iano a partir <strong>de</strong> uma<br />

significação única ou haveria alguma significação que permita compreen<strong>de</strong>r os vários<br />

el<strong>em</strong>entos da mesma forma na maioria <strong>de</strong> suas ocorrências? Esta é uma questão que<br />

preten<strong>de</strong>mos, também, investigar ao longo <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

A dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong> se encontrar um sentido preciso e único do termo <strong>stato</strong> na obra <strong>de</strong><br />

Maquiavel é compreensível quando se consi<strong>de</strong>ra a transformação pela qual passava o termo<br />

durante o Renascimento. Como visto, a significação <strong>de</strong> <strong>stato</strong>, que antes correspondia a status,<br />

ou seja, que dizia respeito a uma posição ou a uma condição, transitava para a concepção<br />

mo<strong>de</strong>rna do termo. Em Maquiavel, po<strong>de</strong>mos observar os indícios <strong>de</strong>ssa transição. Inclusive, é<br />

por conta disso que encontramos <strong>em</strong> seus escritos uma multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> significações<br />

po<strong>de</strong>ndo envolver a noção <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> território, <strong>de</strong> governo ou até mesmo <strong>de</strong> Estado no<br />

sentido mo<strong>de</strong>rno. Nas passagens seguintes examinar<strong>em</strong>os alguns ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong>ssa poliss<strong>em</strong>ia<br />

quanto ao termo que nos propomos estudar.<br />

Reportando-nos ao primeiro capítulo <strong>de</strong> O Príncipe, encontramos o seguinte<br />

enunciado: “Todos os stati, todos os domínios que têm havido e que há sobre os homens<br />

foram e são repúblicas ou principados” 7 (O Príncipe, I). À primeira vista, parece possível<br />

apontar, nesse trecho, uma <strong>de</strong>finição possível <strong>de</strong> <strong>stato</strong>. A questão é: Maquiavel i<strong>de</strong>ntifica tal<br />

termo e domínio? Segundo Vries (1957, p. 52), analisando a terminologia da palavra<br />

7 Com bastante frequência far<strong>em</strong>os menção a essa passag<strong>em</strong>, visto que a maioria dos autores que se ocuparam<br />

com o estudo acerca do termo <strong>stato</strong> <strong>em</strong> Maquiavel <strong>de</strong>staca-na pela sua riqueza <strong>de</strong> significados e apontam nela<br />

o uso <strong>de</strong> <strong>stato</strong> no sentido mo<strong>de</strong>rno.<br />

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