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o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

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termo r<strong>em</strong>ete a uma pessoalida<strong>de</strong>. Isso é bastante claro nos usos que o autor faz <strong>de</strong> <strong>stato</strong><br />

acompanhado <strong>de</strong> um pronome possessivo. Postas essas duas razões, por meio <strong>de</strong> nossa<br />

pesquisa chegamos aos seguintes el<strong>em</strong>entos, presentes nos escritos <strong>de</strong> Maquiavel, que nos<br />

permit<strong>em</strong> pensar o passo à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />

O primeiro ponto para o qual apontamos é a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> soberania. Mesmo que o <strong>conceito</strong><br />

<strong>de</strong> soberania tenha se tornado evi<strong>de</strong>nte apenas no pensamento político <strong>de</strong> Jean Bodin, não<br />

po<strong>de</strong>mos negar a presença <strong>de</strong>ssa noção já na teoria política <strong>de</strong> Maquiavel. Segundo nosso<br />

autor, o po<strong>de</strong>r é um el<strong>em</strong>ento indispensável à figura do governante, pois é por meio <strong>de</strong>le que<br />

se garantirá a organização da vida <strong>em</strong> socieda<strong>de</strong>. Esse po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ve ser compreendido enquanto<br />

o po<strong>de</strong>r supr<strong>em</strong>o, no sentido da não <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> qualquer outro tipo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, porém não<br />

po<strong>de</strong> ser interpretado como um po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>spótico, pois, para Maquiavel, o reconhecimento<br />

<strong>de</strong>sse po<strong>de</strong>r por parte dos cidadãos é o que garantirá sua conservação. O governante precisa<br />

conquistá-los, promovendo ações grandiosas e instituições que promovam o b<strong>em</strong> público.<br />

Maquiavel não utiliza a palavra soberania, propriamente dita, mas seu contexto teórico aponta<br />

<strong>em</strong> direção à i<strong>de</strong>ia, e à importância do po<strong>de</strong>r soberano.<br />

O segundo apontamento que faz<strong>em</strong>os é estritamente ligado ao primeiro; Maquiavel<br />

pensa o <strong>stato</strong> como uma instituição que <strong>de</strong>ve caracterizar-se pela autonomia e in<strong>de</strong>pendência,<br />

<strong>de</strong> modo a não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> outras instâncias <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, como, por ex<strong>em</strong>plo, a Igreja ou<br />

po<strong>de</strong>res estrangeiros. Maquiavel viveu <strong>em</strong> uma época <strong>em</strong> que a Igreja ainda exercia comando<br />

sobre os Estados e ele percebeu a dimensão do probl<strong>em</strong>a causado por esta submissão. Para o<br />

pensador florentino, os po<strong>de</strong>res espirituais e t<strong>em</strong>porais <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ocupar-se cada um com sua<br />

esfera <strong>de</strong> atuação.<br />

Além disto, e aqui indicamos o último el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> nossa análise, Maquiavel, que<br />

pensa a associação humana como uma consequência do conflito, <strong>de</strong>monstrando quais são as<br />

ações necessárias à fundação e à conservação do <strong>stato</strong>, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que o ato inicial <strong>de</strong><br />

constituição da socieda<strong>de</strong> civil é produto da força, mas que a conservação <strong>de</strong>ssa socieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das boas leis. São as boas leis, as boas or<strong>de</strong>nações do governante que vão legitimar<br />

seu po<strong>de</strong>r aos olhos dos cidadãos. Maquiavel <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que, para manter seu po<strong>de</strong>r, o<br />

governante não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar-se guiar somente por seus interesses privados, ele <strong>de</strong>ve agir <strong>de</strong><br />

modo que seus feitos promovam o b<strong>em</strong> à coletivida<strong>de</strong>, o b<strong>em</strong> civil. E, mais, <strong>em</strong>bora<br />

assinalamos que o <strong>stato</strong> <strong>em</strong> Maquiavel é marcado pela pessoalida<strong>de</strong>, o autor fornece indícios<br />

que, também, permit<strong>em</strong> pensá-lo além disso. O autor reconhece que as melhores instituições<br />

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