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o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

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INTRODUÇÃO<br />

O pensamento <strong>de</strong> Maquiavel é marcado pela exposição e análise dos el<strong>em</strong>entos que<br />

<strong>de</strong>terminam a instauração e a conservação da vida civil. Para isso o autor se serve <strong>de</strong><br />

<strong>conceito</strong>s que <strong>de</strong>terminam a efetivação da ação política. Consi<strong>de</strong>rada a natureza dos textos<br />

filosóficos, esta informação não traria nenhuma novida<strong>de</strong>. Ocorre que o leitor acostumado aos<br />

trabalhos conceituais sist<strong>em</strong>áticos po<strong>de</strong> surpreen<strong>de</strong>r-se ao <strong>de</strong>scobrir que Maquiavel não<br />

oferece <strong>de</strong>finições para tais <strong>conceito</strong>s. Já <strong>em</strong> um primeiro contato com os textos do florentino,<br />

percebe-se que o autor não está preocupado <strong>em</strong> <strong>de</strong>finir um vocabulário formal, ou estabelecer<br />

um método analítico conceitual, mas se apropria <strong>de</strong> termos para, a partir <strong>de</strong>les, <strong>de</strong>finir o<br />

movimento que rege as relações políticas. Logo, <strong>de</strong>paramo-nos com um probl<strong>em</strong>a<br />

terminológico <strong>em</strong> seus escritos, um probl<strong>em</strong>a referente à significação dos termos que ele<br />

utiliza. Esta afirmação não pressupõe um <strong>de</strong>scaso por parte <strong>de</strong> Maquiavel, mas conduz ao fato<br />

<strong>de</strong> que sua preocupação está voltada ao âmbito prático, às situações concretas percebidas e<br />

vivenciadas por ele. Ou seja, todo aparato teórico que julga necessário, principalmente quando<br />

se refere ao conhecimento da história, é imprescindível na medida <strong>em</strong> que serve a objetivos<br />

práticos.<br />

Po<strong>de</strong>ríamos citar aqui vários casos para explicitar o probl<strong>em</strong>a, mas o caso específico<br />

no qual vamos nos ater correspon<strong>de</strong> à tentativa <strong>de</strong> pensar um <strong>conceito</strong> fundamental no<br />

pensamento político <strong>de</strong> Maquiavel, a saber, o <strong>conceito</strong> <strong>de</strong> <strong>stato</strong>. Esta escolha específica pelo<br />

termo se <strong>de</strong>u pela importância do vocábulo <strong>em</strong> seus escritos, já que é <strong>em</strong> torno do <strong>stato</strong> que se<br />

<strong>de</strong>senvolve a ação política na teoria <strong>de</strong> Maquiavel. Em carta datada <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1513<br />

Maquiavel fala a Francesco Vettori a respeito <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>dicação ao estudo do <strong>stato</strong>: “[...] não<br />

sabendo pensar n<strong>em</strong> sobre a arte da seda n<strong>em</strong> sobre a arte da lã, n<strong>em</strong> <strong>de</strong> ganhos e perdas, eu<br />

<strong>de</strong>vo pensar sobre o <strong>stato</strong> [...]” (MAQUIAVEL, Epistolario, p.80). Alguns meses <strong>de</strong>pois, <strong>em</strong><br />

13 <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro, na tão conhecida carta <strong>em</strong> que Maquiavel anuncia a Vettori que havia escrito<br />

um livro o qual intitulara De Principatibus, ele novamente faz referência ao seu objeto <strong>de</strong><br />

pesquisa: “[...] eis que, quando fosse lido o opúsculo, ver-se-ia que os quinze anos que<br />

<strong>de</strong>diquei ao estudo da arte do <strong>stato</strong>, não os passei dormindo n<strong>em</strong> brincando [...]”<br />

(MAQUIAVEL, Epistolario, p.139). Consi<strong>de</strong>rados os anos <strong>de</strong> esforços reflexivos do autor<br />

acerca da arte do <strong>stato</strong>, pareceu-nos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância pensar no que Maquiavel<br />

compreen<strong>de</strong> por ele. Assim, iniciados nossos estudos, logo nos <strong>de</strong>paramos com um primeiro

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