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o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

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satisfação maior o grau <strong>de</strong> implicância, maior a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> se mostrar<strong>em</strong> sábios e<br />

controladores com relação àqueles que governam; e, por fim, segundo o autor, o acordo<br />

vigente entre tais animais é natural, já o acordo que estabelece uma vida associada entre os<br />

homens é um pacto artificial.<br />

No caso dos homens, a vida pacífica só é possível quando o po<strong>de</strong>r coercitivo é<br />

instituído para lhes garantir segurança e paz. E a forma <strong>de</strong> instaurar tal po<strong>de</strong>r 64 é elegendo,<br />

por meio <strong>de</strong> um pacto, um hom<strong>em</strong> ou uma ass<strong>em</strong>bleia <strong>de</strong> homens que os possam representar.<br />

O pacto pressupõe que os homens transfiram a essa pessoa, ou que lhe concedam, o direito <strong>de</strong><br />

agir <strong>em</strong> nome <strong>de</strong> suas pessoas. O representante será o portador <strong>de</strong> cada pessoa que acordou<br />

com o pacto, será portador <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>sejos e <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>cisões <strong>em</strong> tudo o que se refere à paz e<br />

à segurança <strong>de</strong> todos. Essa abdicação e entrega <strong>de</strong> seus direitos só se realiza porque os<br />

homens esperam que esse pacto garanta sua integrida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma tal que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> celebrado<br />

o pacto, possam viver e <strong>de</strong>sfrutar dos frutos <strong>de</strong> seu trabalho s<strong>em</strong> o risco <strong>de</strong> invasões e <strong>de</strong>mais<br />

danos a que, na condição <strong>de</strong> natureza, estavam propensos. O acordo, segundo Hobbes (2003,<br />

p. 147),<br />

[...] é mais do que consentimento ou concórdia, é uma verda<strong>de</strong>ira unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos<br />

eles, numa só e mesma pessoa, realizada por um pacto <strong>de</strong> cada hom<strong>em</strong> com todos os<br />

homens, <strong>de</strong> um modo que é como se cada hom<strong>em</strong> dissesse a cada hom<strong>em</strong>: Autorizo<br />

e transfiro o meu direito <strong>de</strong> me governar a mim mesmo a este hom<strong>em</strong>, ou a esta<br />

ass<strong>em</strong>bléia <strong>de</strong> homens, com a condição <strong>de</strong> transferires para ele o teu direito,<br />

autorizando <strong>de</strong> uma maneira s<strong>em</strong>elhante todas as suas ações. Feito isto, à multidão<br />

assim unida numa só pessoa chama-se REPÚBLICA , <strong>em</strong> latim CIVITAS. É esta a<br />

geração daquele gran<strong>de</strong> Leviatã, ou antes (para falar <strong>em</strong> termos mais reverentes),<br />

daquele Deus mortal, ao qual <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os, abaixo do Deus imortal, nossa paz e <strong>de</strong>fesa.<br />

Essa pessoa, a qu<strong>em</strong> é transferido o direito <strong>de</strong> governar, passa a ser o portador do<br />

po<strong>de</strong>r soberano e os <strong>de</strong>mais homens passam à condição <strong>de</strong> súditos. É na diferença do<br />

soberano que, segundo Hobbes, distingu<strong>em</strong>-se as repúblicas:<br />

[...] quando o representante é um só hom<strong>em</strong>, a república é uma MONARQUIA.<br />

Quando é uma ass<strong>em</strong>bléia <strong>de</strong> todos os que se uniram, é uma DEMOCRACIA, ou<br />

governo popular. Quando é uma ass<strong>em</strong>bléia apenas <strong>de</strong> uma parte, chama-se-lhe<br />

ARISTOCRACIA. Não po<strong>de</strong> haver outras espécies <strong>de</strong> governo, porque o po<strong>de</strong>r<br />

64 Hobbes, na verda<strong>de</strong>, indica duas formas através das quais se po<strong>de</strong> adquirir o po<strong>de</strong>r soberano: por instituição<br />

ou por aquisição. A primeira ocorre nos casos <strong>de</strong> pactos <strong>de</strong>scritos por Hobbes, quando os homens concordam<br />

entre si a submeter<strong>em</strong>-se à autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um hom<strong>em</strong> ou <strong>de</strong> uma ass<strong>em</strong>bleia <strong>de</strong> homens. No segundo caso, a<br />

república se instaura quando um hom<strong>em</strong> se utiliza-se da força natural. Hobbes ex<strong>em</strong>plifica isto a partir <strong>de</strong> dois<br />

mo<strong>de</strong>los: “[...] quando um hom<strong>em</strong> obriga os seus filhos a submeter<strong>em</strong>-se e a submeter<strong>em</strong> os seus próprios<br />

filhos à sua autorida<strong>de</strong>, na medida <strong>em</strong> que é capaz <strong>de</strong> os <strong>de</strong>struir <strong>em</strong> caso <strong>de</strong> recusa. Ou quando um hom<strong>em</strong><br />

sujeita através da guerra os seus inimigos à sua vonta<strong>de</strong>, conce<strong>de</strong>ndo-lhes a vida com esta condição”.<br />

(HOBBES, 2003, p.148).<br />

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