o conceito de stato em maquiavel - Unioeste
o conceito de stato em maquiavel - Unioeste
o conceito de stato em maquiavel - Unioeste
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Na sequência ver<strong>em</strong>os uma passag<strong>em</strong> na qual <strong>stato</strong> parece referir-se a partido: <strong>em</strong><br />
1444, os governantes <strong>de</strong> Florença perceberam que, para se assegurar<strong>em</strong> <strong>em</strong> seus cargos, era<br />
necessário fazer algumas mudanças. Como solução, tinham <strong>em</strong> mente promover a reforma <strong>de</strong><br />
modo que os amigos recebess<strong>em</strong> autorida<strong>de</strong>s e os inimigos foss<strong>em</strong> abatidos. Assim,<br />
[...] criaram para os Conselhos nova bailia, que reformou os cargos, <strong>de</strong>u autorida<strong>de</strong> a<br />
uns poucos para <strong>de</strong>signar a Senhoria; renovou a chancelaria das reformas,<br />
restituindo ser Filippo Peruzzi e pondo <strong>em</strong> seu lugar alguém que se conduzisse <strong>de</strong><br />
acordo com a opinião dos po<strong>de</strong>rosos [...] privou dos cargos os accoppiatori do <strong>stato</strong><br />
inimigo e, com eles os filhos <strong>de</strong> Piero Baroncelli, todos os Serragli [...] e muitos<br />
outros”. (História <strong>de</strong> Florença VI, 7).<br />
Com a expressão <strong>stato</strong> inimigo po<strong>de</strong>mos compreen<strong>de</strong>r que Maquiavel está se referindo<br />
àqueles partidos que ameaçavam o po<strong>de</strong>r do partido que estava à frente do governo florentino.<br />
Em mais duas passagens da História <strong>de</strong> Florença encontramos <strong>stato</strong> como indicativo <strong>de</strong><br />
partido, nesse caso, <strong>de</strong> partido que assumiu o po<strong>de</strong>r público. Em 1466, quando da eleição da<br />
nova magistratura florentina, sob influência <strong>de</strong> Piero, “[...] foi eleito para a Magistratura<br />
supr<strong>em</strong>a Ruberto Lioni; este, assim que assumiu o mandato, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> preparar tudo, chamou<br />
o povo à praça e criou nova balia, totalmente partidária <strong>de</strong> Piero; esta, pouco <strong>de</strong>pois, nomeou<br />
os magistrados segundo a vonta<strong>de</strong> do novo <strong>stato</strong>” (História <strong>de</strong> Florença, VII, 17). Quando<br />
Florença conquistou Arezzo, sob o comando <strong>de</strong> Carlos, houve manifestações para com<strong>em</strong>orar<br />
a vitória, um ato muito comum à época. Essas solenida<strong>de</strong>s eram marcadas pela competição<br />
entre o po<strong>de</strong>r público e o po<strong>de</strong>r privado, cada qual dando provas <strong>de</strong> sua gran<strong>de</strong>za. Conforme<br />
Maquiavel relata, a família dos Alberti foi a que mais se <strong>de</strong>stacou nessas com<strong>em</strong>orações e,<br />
como consequência, acabaram se tornando alvo <strong>de</strong> invejas. Somadas a tais sentimentos, as<br />
“[...] suspeitas que o <strong>stato</strong> tinha <strong>de</strong> messer Bene<strong>de</strong>tto (Alberti), foi a razão da ruína <strong>de</strong>ste;<br />
porque aqueles que governavam não conseguiam tolerá-lo, por lhes parecer que a todo<br />
momento, com a ajuda <strong>de</strong> seus partidários, ele podia recobrar a reputação e expulsá-los da<br />
cida<strong>de</strong>s” (História <strong>de</strong> Florença, III, 23).<br />
Para finalizar os ex<strong>em</strong>plos <strong>em</strong> que o vocábulo <strong>em</strong> questão é utilizado para se referir ao<br />
sujeito ou aos sujeitos <strong>de</strong> potência, vamos analisar um caso <strong>em</strong> que <strong>stato</strong> indica um corpo<br />
político e uma passag<strong>em</strong> na qual indica um singular. No capítulo V <strong>de</strong> O Príncipe, Maquiavel,<br />
ao falar do modo como <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser governadas as cida<strong>de</strong>s ou os principados, que antes da<br />
conquista eram regidos por leis próprias, assegura que uma das alternativas é criar “<strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong>les um <strong>stato</strong> <strong>de</strong> poucos, que permaneça amigo” (O Príncipe, V). E, na História <strong>de</strong><br />
30