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o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

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autor italiano. Ao contrário disso, o que po<strong>de</strong>mos perceber é que Maquiavel segue o fluxo <strong>de</strong><br />

uma mudança terminológica que, partindo da palavra status, chega à forma mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong><br />

Estado como organização política máxima 74 . Por outro lado, isso não <strong>de</strong>ve ser compreendido<br />

como a constatação <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m causada pela varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> sentido que o mesmo termo<br />

comporta, pois, mesmo que o termo seja utilizado para indicar coisas distintas, ele po<strong>de</strong> ser<br />

pensado a partir <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sentido e no momento a classificação feita por Condorelli nos<br />

parece apropriada. No mais, ele se aplica <strong>em</strong> contextos que possu<strong>em</strong> uma coerência quando<br />

pensado no conjunto <strong>de</strong> cada obra. O pensamento político <strong>de</strong> Maquiavel não seria consi<strong>de</strong>rado<br />

importante por tanto t<strong>em</strong>po se o autor tivesse sua teoria fundada <strong>em</strong> termos diss<strong>em</strong>inados s<strong>em</strong><br />

a menor coesão. É na obra pensada <strong>em</strong> seu conjunto e nas ligações entre uma passag<strong>em</strong> e<br />

outra, nas quais o termo é inserido, que é possível ao leitor atento compreen<strong>de</strong>r a or<strong>de</strong>m que<br />

rege sua teoria política.<br />

No estudo Il Principe and lo <strong>stato</strong>. Studies in the Renaissance, <strong>de</strong> Hexter, o<br />

pesquisador inicia o texto expondo a opinião do professor Giuseppe Prezzolini, estudioso <strong>de</strong><br />

Maquiavel, que afirma ser o “[...] próprio Maquiavel parcialmente responsável pela<br />

interpretação sinistra <strong>de</strong> que foi vítima, ‘porque não se esforçou para se expressar <strong>de</strong> forma<br />

sist<strong>em</strong>ática e com um vocabulário coerente’” (HEXTER, 2000, p. 113). É fato que a<br />

imprecisão conceitual dos escritos <strong>de</strong> Maquiavel dificulta a pesquisa daqueles que se <strong>de</strong>dicam<br />

a eles, exigindo redobrada atenção do leitor acostumado ao sist<strong>em</strong>a <strong>em</strong> que uma <strong>de</strong>finição<br />

s<strong>em</strong>pre acompanha um <strong>conceito</strong>. Diferente do que pensa o professor Prezzolini, não nos<br />

parece que essa imprecisão conceitual pressuponha uma falta <strong>de</strong> esforço ou um <strong>de</strong>scaso por<br />

parte do autor, mas aponta para o fato <strong>de</strong> que sua preocupação está voltada ao âmbito prático,<br />

às situações concretas percebidas e vivenciadas por ele. Ou seja, todo aparato teórico que<br />

Maquiavel julga necessário é imprescindível na medida <strong>em</strong> que serve a objetivos práticos 75 .<br />

condição do pensamento político, que não havia encontrado ainda um modo ou uma expressão <strong>de</strong> consenso<br />

que viesse a conformar a nova realida<strong>de</strong> político institucional. Por isso, acreditamos ser possível afirmar que a<br />

imprecisão conceitual <strong>de</strong> Maquiavel po<strong>de</strong> ser interpretada como sinal da sua própria percepção das mudanças,<br />

b<strong>em</strong> como do esforço <strong>de</strong> tentar traduzi-la para âmbito <strong>de</strong> uma obra <strong>de</strong> pensamento” (PANCERA, 2006, p. 52).<br />

74 Talvez o ex<strong>em</strong>plo seja bastante simplório, mas veio à mente que, se observamos b<strong>em</strong>, <strong>em</strong> todos os idiomas<br />

t<strong>em</strong>os casos <strong>de</strong> palavras cuja evolução da língua faz com que ela sirva para falar <strong>de</strong> coisas diversas. Quando<br />

<strong>em</strong>pregamos tais palavras não abrimos um parêntese para <strong>de</strong>terminar qual é o sentido no qual a estamos<br />

<strong>em</strong>pregando, porque nosso interlocutor a compreen<strong>de</strong> b<strong>em</strong> conforme o contexto. Consi<strong>de</strong>rando que primeiro:<br />

Maquiavel não é um autor que formula e <strong>de</strong>senvolve <strong>conceito</strong>s para amparar suas teorias; e, segundo, que<br />

escreve para os homens do seu t<strong>em</strong>po, que certamente compreendiam as variações linguísticas do termo,<br />

parece-nos que esse uso polissêmico é um ato espontâneo e natural.<br />

75 Hans <strong>de</strong> Vries faz uma observação que nos parece <strong>de</strong>finir b<strong>em</strong> a relação <strong>de</strong> Maquiavel com os <strong>conceito</strong>s por<br />

ele utilizados. Segundo Vries, “[...] jamais Maquiavel se per<strong>de</strong>u nas reflexões abstratas sobre a natureza e<br />

sobre as implicações <strong>de</strong> seus termos: ele se serve <strong>de</strong>les com a íntima convicção <strong>de</strong> colocar o <strong>de</strong>do <strong>em</strong> cima,<br />

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