o conceito de stato em maquiavel - Unioeste
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famílias. Isso resulta numa igualda<strong>de</strong> entre reis soberanos, pois um rei <strong>de</strong> uma pequena cida<strong>de</strong><br />
é tão soberano quanto um monarca <strong>de</strong> uma região extensa. Além disto, segundo Bodin, é<br />
preciso que exista, entre essas famílias, alguma coisa <strong>de</strong> caráter público, pois não se po<strong>de</strong><br />
constituir uma república se não há nada público ou se a maioria das proprieda<strong>de</strong>s for<br />
particular.<br />
Como explica Bodin, antes <strong>de</strong> haver cida<strong>de</strong>, cidadãos ou alguma forma <strong>de</strong> república<br />
entre os homens, a soberania pertencia aos chefes <strong>de</strong> família e cada um <strong>em</strong> seu lar <strong>de</strong>cidia por<br />
suas mulheres e filhos. Em <strong>de</strong>terminado momento, no entanto, movidos por sentimentos como<br />
a força, a violência, a ambição, a avareza e a vingança, começaram as disputas entres os<br />
homens e o resultado das guerras e dos combates foi <strong>de</strong>terminando os senhores e os escravos.<br />
Bodin esclarece esse processo da seguinte forma: entre os vencedores a um era concedido<br />
chefiar e ele era nomeado chefe ou capitão e comandava os <strong>de</strong>mais homens, que eram<br />
classificados <strong>de</strong> duas formas: uns como súditos fieis e leais e outros como escravos. Segundo<br />
Mayaki (2000, p. 117), com essa <strong>de</strong>scrição, “Bodin nos faz compreen<strong>de</strong>r que a guerra v<strong>em</strong><br />
perturbar o equilíbrio inicial existente entre as famílias, <strong>de</strong>struindo a igualda<strong>de</strong> dos chefes <strong>de</strong><br />
famílias (ménages) e fará da cida<strong>de</strong> um todo orgânico, atribuindo a cada um um lugar<br />
<strong>de</strong>terminado”. De fato, <strong>de</strong> acordo com a <strong>de</strong>scrição do teórico francês, é a partir <strong>de</strong> então que<br />
os homens per<strong>de</strong>m sua liberda<strong>de</strong> anterior e passam a viver servindo a outr<strong>em</strong>. Os escravos a<br />
per<strong>de</strong>m totalmente e os súditos parcialmente, já que passam a obe<strong>de</strong>cer a um chefe soberano.<br />
“Deste modo, as palavras senhor e criado, príncipe e súdito, <strong>de</strong>sconhecidas até então,<br />
entraram <strong>em</strong> circulação. A razão e luz natural nos levam a crer que a força e a violência <strong>de</strong>ram<br />
princípio e orig<strong>em</strong> às Repúblicas” 48 . (BODIN, 2006, p. 35).<br />
O cidadão da república é <strong>de</strong>scrito por Bodin como um sujeito livre, mas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />
um senhor soberano. Essa <strong>de</strong>finição po<strong>de</strong> ser compreendida na comparação entre o que<br />
<strong>de</strong>termina um súdito e o que <strong>de</strong>termina o escravo. De acordo com o autor, todo cidadão é<br />
súdito, mas n<strong>em</strong> todo súdito é consi<strong>de</strong>rado cidadão, visto que a cidadania não é concedida<br />
n<strong>em</strong> a escravos, n<strong>em</strong> a estrangeiro, pois, <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> direitos, estes últimos não participam<br />
dos privilégios da cida<strong>de</strong>. Já os cidadãos são aqueles que apenas têm sua liberda<strong>de</strong> diminuída<br />
por conta da submissão ao soberano. Segundo Bodin, há três espécies legais <strong>de</strong> cidadãos:<br />
exist<strong>em</strong> os cidadãos naturais, os naturalizados e os libertos. A república é formada pelo<br />
conjunto <strong>de</strong> cidadãos quando estes são governados pelo po<strong>de</strong>r soberano <strong>de</strong> um ou vários<br />
48 Bodin diz que pensadores como D<strong>em</strong>óstenes, Aristóteles e Cícero se enganaram quando acreditaram que os<br />
primeiros reis foram nomeados por sua justiça e virtu<strong>de</strong>.<br />
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