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o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

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substituído por várias outras <strong>de</strong>notações, pois <strong>em</strong> todas as passagens há s<strong>em</strong>pre dois ou mais<br />

vocábulos pelos quais se po<strong>de</strong> substituir o termo s<strong>em</strong> prejuízo ao conjunto textual. Como<br />

afirma o comentador:<br />

Tome (I) "território", (2) "os governados" (3), "po<strong>de</strong>r dominante" (4), "status,<br />

posição ou categoria" (5), "entida<strong>de</strong> político-nacional-territorial", e tente substituir<br />

cada um <strong>de</strong>les s<strong>em</strong>pre que lo <strong>stato</strong> aparece <strong>em</strong> Il Principe. É raro que dois dos<br />

significados não se encaix<strong>em</strong>. É surpreen<strong>de</strong>nte como muitas vezes três, quatro ou<br />

cinco vezes, até todos os significados se encaixam. (HEXTER, 1957, p. 137).<br />

Hexter acusa Chiappelli <strong>de</strong> analisar o probl<strong>em</strong>a terminológico nos escritos <strong>de</strong><br />

Maquiavel partindo <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>finição antecipada do termo ao invés <strong>de</strong> procurar a <strong>de</strong>finição a<br />

partir do texto. Ou seja, segundo Hexter, o estudo <strong>de</strong> Chiappelli parece querer a<strong>de</strong>quar o uso<br />

que Maquiavel faz <strong>de</strong> <strong>stato</strong> a uma acepção preconcebida, no caso o Estado Mo<strong>de</strong>rno. Para<br />

Hexter, <strong>stato</strong> não correspon<strong>de</strong> a Estado, pela razão <strong>de</strong> que Estado não era o que Maquiavel<br />

tinha <strong>em</strong> mente ao <strong>em</strong>pregar o vocábulo <strong>em</strong> seus escritos. Trata-se <strong>de</strong> um erro que o autor diz<br />

não ter cometido <strong>em</strong> seu estudo 26 . Hexter avalia seu texto como uma investigação focada <strong>de</strong><br />

fato na terminologia que Maquiavel utiliza no Príncipe, não se restringindo a i<strong>de</strong>ias<br />

preestabelecidas.<br />

Conhecidas as discordâncias <strong>de</strong> Hexter com relação à pesquisa <strong>de</strong> Chiappelli,<br />

ver<strong>em</strong>os agora o resultado a que ele chegou quanto ao significado do termo <strong>stato</strong> no<br />

pensamento <strong>de</strong> Maquiavel.<br />

Segundo Hexter, é preciso consi<strong>de</strong>rar que a noção jurídica <strong>de</strong> Estado só foi<br />

composta, <strong>de</strong> modo completo, anos após a morte <strong>de</strong> Maquiavel, por advogados e publicistas,<br />

ou seja, uma construção que foi estruturada sobre controvérsias que o florentino <strong>de</strong>sconhecia,<br />

“[...] sobre a extensão da autorida<strong>de</strong> secular na Europa sobre as práticas religiosas <strong>de</strong> seus<br />

respectivos t<strong>em</strong>as” (HEXTER, 1957, p. 116). O autor indica, no entanto, que, mesmo nos<br />

t<strong>em</strong>pos atuais, é comum aos homens esse <strong>de</strong>sconhecimento acerca da concepção jurídica <strong>de</strong><br />

Estado. O que diferencia um caso do outro é que, enquanto Maquiavel não pô<strong>de</strong> ter acesso à<br />

tal concepção, as <strong>de</strong>mais pessoas que falam <strong>em</strong> Estado, com exceção a advogados<br />

26 Hexter conclui seu texto com uma afirmação que nos pareceu pouco apropriada a uma pesquisa que ele<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> pelo rigor analítico textual. O pesquisado diz que, “[...] <strong>em</strong>bora confessando livr<strong>em</strong>ente a erudição<br />

superior <strong>de</strong> Chiappelli na área do nosso interesse comum, estou mantendo minha história porque acho que<br />

representa a visão do senso-comum sobre o assunto” (HEXTER, 1957, p. 137). O mesmo autor que critica<br />

Chiappelli acusando-o <strong>de</strong> fundamentar seu trabalho <strong>em</strong> concepções preestabelecidas, respalda a conclusão <strong>de</strong><br />

sua própria pesquisa na opinião do senso comum. Parece-nos que o autor consegue, com uma frase (frase<br />

conclusiva), subverter a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> um trabalho sist<strong>em</strong>ático-conceitual que ele mesmo enfatizara no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong><br />

seu texto.<br />

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