o conceito de stato em maquiavel - Unioeste
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no sentido “político interno”: após aconselhar ao conquistador a criação <strong>de</strong> colônias,<br />
Maquiavel adverte que, caso não se faça isso, o conquistador terá como alternativa manter<br />
armas e infantaria no local adquirido. Tal medida é muito mais dispendiosa, como diz o autor,<br />
pois, no caso da escolha pelas tropas ao invés das colônias, “[...] <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>-se muito mais,<br />
gastando-se com elas todas as receitas do <strong>stato</strong>, e a conquista se transforma <strong>em</strong> prejuízo.<br />
Além do mais, isto <strong>de</strong>scontenta muito mais os habitantes porque a transferência do exército<br />
com os alojamentos causa danos a todo o <strong>stato</strong>.”<br />
Além <strong>de</strong>sses sentidos, <strong>em</strong> dois outros momentos do Capítulo III o contexto leva a<br />
compreen<strong>de</strong>r o termo <strong>stato</strong> como “ciência do Estado”: Maquiavel, ainda discutindo os atos<br />
que se esperam do conquistador <strong>de</strong> uma província cujos hábitos são diferentes aos seus,<br />
afirma que é necessário precaver-se não somente contra os males atuais, mas que é<br />
imprescindível ser astuto para prever os futuros males, pois tal qual acontece nos casos <strong>de</strong><br />
certas enfermida<strong>de</strong>s (o autor cita como ex<strong>em</strong>plo o caso da tísica), se no princípio o mal é<br />
difícil <strong>de</strong> diagnosticar mas fácil <strong>de</strong> curar, num momento seguinte o caso se inverte, o mal se<br />
torna fácil <strong>de</strong> diagnosticar e difícil <strong>de</strong> curar. “O mesmo acontece nas coisas <strong>de</strong> <strong>stato</strong>, já que,<br />
quando se conhec<strong>em</strong> com antecedência [...] os males que nele surg<strong>em</strong> se curam facilmente;<br />
mas, quando por não ter<strong>em</strong> sido i<strong>de</strong>ntificados <strong>de</strong>ixa-se que cresçam a ponto <strong>de</strong> todos<br />
passar<strong>em</strong> a conhecê-los, não há mais r<strong>em</strong>édio”. E, no final do capítulo, relatando uma<br />
conversa que tivera com o car<strong>de</strong>al <strong>de</strong> Ruão, acerca da importância <strong>de</strong> se observar<strong>em</strong> as regras<br />
seguidas por aqueles que conquistaram e mantiveram as províncias, Maquiavel relata: “[...]<br />
dizendo-me o Car<strong>de</strong>al <strong>de</strong> Ruão que os italianos não entendiam <strong>de</strong> guerra, respondi-lhe que os<br />
franceses não entendiam <strong>de</strong> <strong>stato</strong> porque, se enten<strong>de</strong>ss<strong>em</strong>, não teriam permitido que a igreja<br />
alcançasse tanta gran<strong>de</strong>za”.<br />
Nos capítulos seguintes <strong>de</strong> O Príncipe encontram-se, segundo Chiappelli, outras<br />
implicações do termo <strong>stato</strong>, consi<strong>de</strong>radas especificamente, <strong>de</strong> acordo com o contexto. No<br />
capítulo, por ex<strong>em</strong>plo, há uma passag<strong>em</strong> na qual <strong>stato</strong> po<strong>de</strong> ser compreendido enquanto<br />
“território or<strong>de</strong>nado num organismo político completo, distinto <strong>de</strong> domínio feudal”: ao<br />
explicar que a organização do Estado Francês (o rei apoiado por antigos senhores que<br />
possu<strong>em</strong> stati próprios e súditos que lhes são <strong>de</strong>votos), torna mais fácil o ato da conquista e<br />
mais difícil o ato <strong>de</strong> conservação, <strong>de</strong>monstra que a união <strong>de</strong> tais senhores foi o motivo pelo<br />
qual os romanos levaram tanto t<strong>em</strong>po para se assegurar na conquista dos novos territórios cuja<br />
forma <strong>de</strong> organização era a mesma dos franceses: “[...] assim nasceram as freqüentes<br />
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