17.06.2013 Views

o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Como pu<strong>de</strong>mos ver, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> soberania teorizada por Bodin também foi explorada por<br />

Hobbes <strong>em</strong> seus escritos políticos, <strong>de</strong> tal forma que o fundamento do Estado civil está na<br />

instauração do po<strong>de</strong>r soberano. No artigo La notion <strong>de</strong> souveraineté <strong>de</strong> Bodin à Hobbes,<br />

Fabre (1992, p. 207-230) observa que, no referente à teoria do po<strong>de</strong>r soberano, há el<strong>em</strong>entos<br />

correspon<strong>de</strong>ntes nos escritos <strong>de</strong> ambos os autores, no entanto é preciso notar que há também<br />

uma diferença radical <strong>em</strong> seus projetos filosóficos, nos quais o <strong>conceito</strong> <strong>de</strong> soberania está<br />

inserido. Como ponto <strong>de</strong> convergência, a autora nota que a teoria da soberania exposta no<br />

Leviatã representa “a supr<strong>em</strong>a potência da república”, assim como fora anteriormente exposto<br />

por Bodin. Nos escritos dos dois teóricos a soberania é compreendida enquanto el<strong>em</strong>ento que<br />

dá forma ao Estado, que é sua condição <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>. Além disto, <strong>em</strong> Hobbes e Bodin a<br />

natureza da soberania é a mesma, ambos caracterizam-na como um po<strong>de</strong>r absoluto e perpétuo.<br />

Segundo Fabre, “[...] a similitu<strong>de</strong> do vocabulário utilizado por Hobbes e por Bodin<br />

correspon<strong>de</strong> b<strong>em</strong>, na ocorrência, à mesma compreensão do <strong>conceito</strong>: a soberania é idêntica à<br />

superioritas da qual falavam os autores medievais: <strong>em</strong> sua natureza superlativa, ela não po<strong>de</strong><br />

conhecer limites”. E, ainda mais, Bodin e Hobbes<br />

[...] dão ao adjetivo absoluto a significação que, segundo Ulpien, lhe davam os<br />

pensadores medievais: <strong>em</strong> qualquer regime, o po<strong>de</strong>r soberano é solutus legibus, isto<br />

é, absolutas leis humanas. De fato, porque a prerrogativa essencial da autorida<strong>de</strong><br />

soberana é <strong>de</strong> dar e <strong>de</strong> cassar a lei, e porque o Soberano é o único legislador na<br />

República, as leis não po<strong>de</strong>m obrigar qu<strong>em</strong> as faz. (1992, p. 211-212).<br />

A comentadora alerta para o fato <strong>de</strong> que, quando Hobbes e Bodin falam no caráter<br />

absoluto da soberania, quer<strong>em</strong> com isso <strong>de</strong>ixar claro que ela não po<strong>de</strong> ser compartilhada. O<br />

po<strong>de</strong>r absoluto é um po<strong>de</strong>r indivisível. É por isso que tanto um autor quanto o outro rejeita a<br />

i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> um regime misto.<br />

Como ponto <strong>de</strong> divergência, Fabre indica que “[...] o <strong>conceito</strong> <strong>de</strong> soberania é inseparável<br />

<strong>em</strong> Jean Bodin <strong>de</strong> sua inscrição num contexto cosmológico rico das harmonias mais<br />

profundas da Natureza; o mesmo <strong>conceito</strong> <strong>de</strong> soberania não toma seu forte tom nas obras <strong>de</strong><br />

Hobbes que respalda o artifício contratualista cuja iniciativa é a razão dos homens” (1992, p.<br />

208). Em Bodin, o po<strong>de</strong>r soberano é um po<strong>de</strong>r natural, tal como o é o po<strong>de</strong>r doméstico que o<br />

pai possui sobre sua família. Já <strong>em</strong> Hobbes a soberania é o resultado da ação humana, é um<br />

mecanismo criado artificialmente por meio do pacto social. Embora Hobbes também<br />

consi<strong>de</strong>re as leis <strong>de</strong> natureza, <strong>em</strong> sua teoria política “[...] o ato <strong>de</strong> instauração da socieda<strong>de</strong><br />

civil rompe a or<strong>de</strong>m natural, isto é, ele transforma a relação <strong>de</strong> forças: à igualda<strong>de</strong> natural dos<br />

78

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!