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o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

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primeiro momento, se caracteriza pela violência, pelo uso da força e das armas, num segundo<br />

momento precisa dar espaço a um recurso que permita conservar o que foi conquistado. O<br />

príncipe só conseguirá reconhecimento por parte dos súditos firmando-se assim como<br />

autorida<strong>de</strong> política, no momento <strong>em</strong> que com suas ações ele também promova benefícios<br />

públicos. O fundador <strong>de</strong> um novo <strong>stato</strong> precisa fazer com que seu po<strong>de</strong>r seja reconhecido<br />

enquanto autorida<strong>de</strong> pública, sabendo-se que esse reconhecimento é concedido pelos súditos e<br />

só é conseguido quando se estabelece uma or<strong>de</strong>m social que transcenda o estado <strong>de</strong> violência.<br />

Como b<strong>em</strong> <strong>de</strong>finiu Mayaki (2000, p. 63), “[...] se num primeiro momento, com o estado<br />

primeiro da força, po<strong>de</strong>-se adquirir o po<strong>de</strong>r político, num segundo t<strong>em</strong>po, a contribuição<br />

preciosa da lei é um exigência para fundá-lo juridicamente”. Na passag<strong>em</strong> dos Discursos (II,<br />

1), <strong>em</strong> que Maquiavel questiona se foi a virtù ou a fortuna que mais contribuiu para as<br />

conquistas dos romanos, o autor atribui o motivo, para tantas conquistas nunca alcançadas por<br />

outra república, ao uso das armas e das leis. A efetivação <strong>de</strong> tantas conquistas foi possibilitada<br />

pela gran<strong>de</strong> virtù dos exércitos, mas o que lhes garantiu a conservação do Império foram as<br />

or<strong>de</strong>nações: por um lado o modo como proce<strong>de</strong>ram nas conquistas e, por outro lado, a forma<br />

como Roma era or<strong>de</strong>nada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o princípio, as boas constituições estabelecidas por seu<br />

primeiro legislador.<br />

O novo príncipe <strong>de</strong>verá impor respeito e seus <strong>em</strong>preendimentos <strong>de</strong>verão conquistar a<br />

admiração e o reconhecimento daqueles que estão sob seu domínio. É somente na instauração<br />

<strong>de</strong> instituições fortes e duradouras que o príncipe po<strong>de</strong>rá tornar válido o ato <strong>de</strong> fundação.<br />

Segundo Maquiavel (O Príncipe, XXVI), “[...] coisa alguma honrará tanto um novo<br />

governante quanto as novas leis e um novo regime criados por ele. Quando são b<strong>em</strong><br />

fundamentados e traz<strong>em</strong> <strong>em</strong> si um el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za, faz<strong>em</strong>-no reverenciado e admirado”.<br />

Aquele que funda uma nova or<strong>de</strong>m política precisa compreen<strong>de</strong>r que, para perpassar o ato<br />

inicial <strong>de</strong> fundação, <strong>de</strong>ve criar sólidas e seguras instituições, <strong>de</strong> modo tal que elas se<br />

conserv<strong>em</strong> até mesmo após a morte <strong>de</strong> seu fundador: “[...] a salvação <strong>de</strong> uma república ou<br />

dum reino, portanto não está <strong>em</strong> ter um príncipe que governe com prudência enquanto vive,<br />

mas <strong>em</strong> ter um que or<strong>de</strong>ne tudo <strong>de</strong> modo que, morto <strong>em</strong>bora, tudo se mantenha”<br />

(MAQUIAVEL, Discursos I, 11). Muito mais do que no ato <strong>de</strong> fundação, a virtù do<br />

convém recorrer ao segundo. É, portanto, necessário ao príncipe saber usar tanto o animal quanto o hom<strong>em</strong>”.<br />

Recorrendo à literatura clássica para explicar sua afirmação, Maquiavel l<strong>em</strong>bra o ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> Aquiles, que<br />

fora criado por um centauro e disto conclui que “[...] ter um preceptor meio animal meio hom<strong>em</strong> não quer<br />

dizer outra coisa senão que um príncipe <strong>de</strong>ve saber usar ambas as naturezas e que uma s<strong>em</strong> a outra não é<br />

duradoura”. O príncipe <strong>de</strong> virtù sabe reconhecer os momentos apropriados <strong>em</strong> que <strong>de</strong>verá fazer uso <strong>de</strong> um ou<br />

<strong>de</strong> outro recurso, afinal a utilização <strong>de</strong> qualquer um <strong>de</strong>les <strong>de</strong>ve ser feita quando a ocasião a exige.<br />

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