o conceito de stato em maquiavel - Unioeste
o conceito de stato em maquiavel - Unioeste
o conceito de stato em maquiavel - Unioeste
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
atributos da soberania, <strong>de</strong> modo que, falando <strong>em</strong> proprieda<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> dizer-se que só existe este<br />
atributo da soberania. Todos os <strong>de</strong>mais direitos estão compreendidos nele” (BODIN, 2006, p.<br />
75).<br />
Segundo Entrèves, essa característica do po<strong>de</strong>r que Bodin assinala como uma<br />
peculiarida<strong>de</strong> da soberania “[...] consiste no que nós chamamos hoje <strong>de</strong> função legislativa”<br />
(ENTRÈVES, 1969, p. 129). Ora, essa função legislativa, mais uma vez, v<strong>em</strong> firmar a<br />
superiorida<strong>de</strong> e a in<strong>de</strong>pendência do soberano <strong>em</strong> relação aos súditos, visto ser “[...] necessário<br />
que aqueles que são soberanos não estejam <strong>de</strong> nenhum modo submetidos ao império <strong>de</strong> outro<br />
e possa dar leis aos súditos e anular ou <strong>em</strong>endar as leis inúteis; isso não po<strong>de</strong> ser feito por<br />
qu<strong>em</strong> está sujeito as leis ou a outra pessoa” (BODIN, 2006, p. 52-53). Além disso, o príncipe<br />
está isento da autorida<strong>de</strong> das leis e, enquanto ele viva, todas as leis, or<strong>de</strong>namentos, patentes,<br />
privilégios e concessões dadas serão válidas. Por conta <strong>de</strong>sse caráter absoluto, Bodin<br />
esclarece que, mesmo um príncipe que se compromete por meio <strong>de</strong> juramento a guardar um<br />
país, não está sujeito às leis que ali exist<strong>em</strong>. De acordo com ele, “[...] o príncipe não está<br />
sujeito às suas leis, n<strong>em</strong> às leis <strong>de</strong> seus pre<strong>de</strong>cessores, mas às suas convenções justas e<br />
razoáveis, <strong>em</strong> cuja observância os súditos <strong>em</strong> geral ou <strong>em</strong> particular estão interessados”<br />
(BODIN, 2006, p. 54). O probl<strong>em</strong>a, segundo o autor, é que, muitas vezes, se confun<strong>de</strong>m as<br />
leis e os contratos dos príncipes. Mediante as leis que produz, o soberano po<strong>de</strong> obrigar a todos<br />
os súditos, porém não po<strong>de</strong> obrigar a sim mesmo. Já os contratos obrigam tanto a um quanto<br />
ao outro, são uma convenção mútua, entre súdito e príncipe. Esse é um caso, expresso por<br />
Bodin, <strong>em</strong> que o príncipe não se encontra acima dos súditos, pois os contratos não po<strong>de</strong>m ser<br />
violados caso a outra parte não esteja <strong>de</strong> acordo. A diferença entre lei e contrato mostra que<br />
enquanto o príncipe somente se obriga no segundo caso, os súditos estão <strong>em</strong> todos os casos<br />
comprometidos com o soberano.<br />
Após essa análise acerca do po<strong>de</strong>r soberano e dos atributos da soberania, Bodin vai<br />
discorrer sobre os principais modos <strong>de</strong> exercício da soberania na república. O autor classifica<br />
as espécies <strong>de</strong> Estado (repúblicas), a partir da distinção daqueles que <strong>de</strong>têm o po<strong>de</strong>r: “[...] se a<br />
soberania resi<strong>de</strong> <strong>em</strong> um só príncipe, a chamar<strong>em</strong>os monarquia, se nela participa a maior parte<br />
do povo, estado popular, e se a parte menor do povo, estado aristocrático” (BODIN, 2006, p.<br />
87) 55 .<br />
55 De acordo com o autor, “[...] posto que a qualida<strong>de</strong> não altera a natureza das coisas, afirmamos que só há três<br />
estados ou três classes <strong>de</strong> repúblicas, que são: a monarquia, a aristocracia e a <strong>de</strong>mocracia” (BODIN, 2006, p.<br />
87). Bodin acredita que esses três termos são suficientes para <strong>de</strong>finir as formas <strong>de</strong> repúblicas. Segundo ele, é<br />
um erro falar <strong>de</strong> mais classes utilizando como critério os bons e os maus governantes ou, ainda, medir as<br />
63