o conceito de stato em maquiavel - Unioeste
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pensar o significado do termo a partir <strong>de</strong> cada ocorrência, parece-nos muito mais coerente<br />
pensá-lo a partir do contexto <strong>em</strong> que ele é utilizado. Maquiavel não oferece uma<br />
sist<strong>em</strong>atização conceitual do <strong>stato</strong>, mas nos oferece toda uma reflexão do modo como se dá<br />
seu funcionamento, el<strong>em</strong>entos que permit<strong>em</strong> compreen<strong>de</strong>r como ele é instaurado e quais são<br />
as ações necessárias à sua conservação. Foi a partir <strong>de</strong> tais el<strong>em</strong>entos que nos foi possível<br />
pensar o que há <strong>de</strong> próximo e o que há <strong>de</strong> distante entre as noções <strong>de</strong> <strong>stato</strong> e <strong>de</strong> Estado.<br />
O Estado Mo<strong>de</strong>rno não surge a partir <strong>de</strong> um momento preciso, mas sua noção é<br />
construída a partir <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos que o constitu<strong>em</strong> enquanto uma forma <strong>de</strong> instituição política<br />
distinta <strong>de</strong> qualquer outra forma que o prece<strong>de</strong>ra. O Estado, <strong>em</strong> sua noção mo<strong>de</strong>rna,<br />
distingue-se pela unida<strong>de</strong> política; pela organização <strong>de</strong> acordo com uma constituição; pela<br />
impessoalida<strong>de</strong> do po<strong>de</strong>r; pelo po<strong>de</strong>r soberano que lhe confere uma esfera <strong>de</strong> atuação própria,<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> qualquer outro po<strong>de</strong>r; e pelos el<strong>em</strong>entos materiais como território e povo,<br />
que são uma novida<strong>de</strong> quando consi<strong>de</strong>rados a partir <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a jurídico. Além disso, o<br />
Estado Mo<strong>de</strong>rno também não nasceu <strong>de</strong> forma homogênea e igualitária <strong>em</strong> todos os locais.<br />
Ao contrário disso, o que possibilitou seu surgimento foram as transformações internas<br />
ocorridas <strong>em</strong> cada uma das diversas formas <strong>de</strong> associação política, <strong>em</strong> cada um dos diferentes<br />
Estados, cada uma a seu t<strong>em</strong>po.<br />
Consi<strong>de</strong>rando tais características e a forma como Maquiavel <strong>de</strong>screve o mecanismo<br />
que rege o funcionamento do <strong>stato</strong>, chegamos à conclusão <strong>de</strong> que este último não po<strong>de</strong> ser<br />
pensado como equivalente ao Estado no sentido mo<strong>de</strong>rno, no entanto a abordag<strong>em</strong> que o<br />
pensador florentino faz da ação política <strong>de</strong>monstra que, <strong>em</strong> seu pensamento, se encontram<br />
el<strong>em</strong>entos que constitu<strong>em</strong> a base para a noção mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong>ssa instituição política máxima.<br />
Antes <strong>de</strong> passar à referência a tais el<strong>em</strong>entos, vamos <strong>de</strong>stacar dois motivos que impossibilitam<br />
a equivalência à qual nos referimos acima. Primeiro porque, mo<strong>de</strong>rnamente falando, com a<br />
palavra Estado se compreen<strong>de</strong> todo o conjunto dos el<strong>em</strong>entos que o <strong>de</strong>fin<strong>em</strong>. Em Maquiavel,<br />
mesmo que o <strong>stato</strong> possa ser entendido como um ou outro <strong>de</strong>sses el<strong>em</strong>entos, <strong>em</strong> poucas<br />
passagens ele toma o sentido completo, ou um sentido que englobe todas as características.<br />
Na atualida<strong>de</strong>, a palavra Estado, utilizada sozinha, é suficiente para que o leitor compreenda<br />
seu significado, diferent<strong>em</strong>ente do que ocorre com o termo <strong>stato</strong>. Deste só é possível chegar a<br />
uma boa compreensão após nos situarmos no texto ou no contexto <strong>em</strong> que Maquiavel o<br />
<strong>em</strong>prega. O segundo motivo que impossibilita pensar na equivalência entre <strong>stato</strong> e Estado é o<br />
fato <strong>de</strong> que, <strong>em</strong> Maquiavel, o <strong>stato</strong> está estritamente ligado à pessoa do governante, pois o<br />
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