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o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

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autorização sobre as coisas. Com isso, vai resolver os probl<strong>em</strong>as quanto à instituição <strong>de</strong> um<br />

direito que subordine as pessoas e as ações, que melhor explique a transferência <strong>de</strong> direitos<br />

dos indivíduos ao soberano, tornando possível, ainda, explicar a noção <strong>de</strong> pessoa civil<br />

resultante do pacto social.<br />

É da teoria da representação jurídica que se <strong>de</strong>riva a teoria da representação política.<br />

De acordo com Zarka, essa teoria é<br />

[...] <strong>em</strong> um primeiro sentido, um caso particular da representação jurídica, pela qual<br />

se constitui uma pessoa ao mesmo t<strong>em</strong>po artificial e civil; porém, <strong>em</strong> um segundo<br />

sentido, é o fundamento <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>mais formas <strong>de</strong> representação e do pacto<br />

jurídico, posto que <strong>de</strong>ve garantir a vali<strong>de</strong>z da execução dos contratos acordados<br />

entre súditos no interior do Estado. (ZARKA, 1995, p. 226).<br />

É por meio da teoria da representação política que Hobbes consegue explicar como o<br />

pacto social se autofundamenta, como ele próprio cria as condições <strong>de</strong> sua vali<strong>de</strong>z jurídica e<br />

<strong>de</strong> sua efetivida<strong>de</strong>. Para melhor compreen<strong>de</strong>r as teorias <strong>de</strong> representação hobbesiana,<br />

analisar<strong>em</strong>os os passos percorridos pelo autor para explicar como se dá a instauração do<br />

Estado civil.<br />

A condição natural 58 da humanida<strong>de</strong> é o primeiro el<strong>em</strong>ento apresentado por Hobbes,<br />

no capítulo XIII do Leviatã. Segundo o autor, os homens são naturalmente iguais, tanto no<br />

que se refere às faculda<strong>de</strong>s da mente quanto ao que se refere às faculda<strong>de</strong>s do espírito 59 . Da<br />

mesma forma que os homens são iguais <strong>em</strong> capacida<strong>de</strong>, eles são iguais na esperança <strong>de</strong> atingir<br />

fins. Os <strong>de</strong>sejos <strong>em</strong> comum geram inimiza<strong>de</strong>s entre os homens, <strong>de</strong>vido à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que<br />

dois homens <strong>de</strong>sej<strong>em</strong> a mesma coisa e que ela só esteja disponível a um <strong>de</strong>les. O fim que<br />

almejam os homens vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o <strong>de</strong>sfrute daquelas coisas que o viver proporciona até a<br />

conservação da própria vida. Por conta disso, na busca para alcançar os fins <strong>de</strong>sejados, os<br />

homens tentam subjugar-se, um hom<strong>em</strong> está s<strong>em</strong>pre ameaçado por outro que tentará tirar-lhe<br />

tanto os bens que possui quanto sua vida e sua liberda<strong>de</strong>. Essa situação gera um círculo no<br />

58 De acordo com Duso, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> estado <strong>de</strong> natureza, presente entre os pensadores contratualistas, “[...] aponta<br />

aquilo que seria a condição do hom<strong>em</strong> fora da socieda<strong>de</strong> civil, condição essa que é consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> forma mais<br />

ou menos pessimista, mas s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> maneira a obrigar a razão a sair do estado <strong>de</strong> natureza dando lugar à<br />

socieda<strong>de</strong>” (DUSO, 2005, p. 113).<br />

59 Hobbes não nega o fato <strong>de</strong> que entre os homens existam os mais fracos e os mais fortes, mas ele <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que o<br />

mais fraco t<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vencer o mais forte. Há dois modos a partir dos quais isso po<strong>de</strong><br />

acontecer: tramando algo contra seu adversário ou se juntando a outros homens que se sintam ameaçados pelo<br />

mesmo opressor. No caso das faculda<strong>de</strong>s do espírito, a igualda<strong>de</strong> é maior ainda, pois o autor acredita que o<br />

t<strong>em</strong>po conce<strong>de</strong> aos homens a mesma experiência naquelas coisas a que se <strong>de</strong>dicam igualmente.<br />

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