17.06.2013 Views

o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

isto é conseqüência: que nada po<strong>de</strong> ser injusto. As noções <strong>de</strong> certo e <strong>de</strong> errado, justiça e<br />

injustiça, não po<strong>de</strong>m aí ter lugar. On<strong>de</strong> não há po<strong>de</strong>r comum não há lei, e on<strong>de</strong> não há lei não<br />

há injustiça” (HOBBES, 2003, p. 111). A con<strong>de</strong>nação dos atos passionais humanos só po<strong>de</strong>rá<br />

ser feita após o estabelecimento <strong>de</strong> leis e as leis só po<strong>de</strong>rão ser constituídas no momento <strong>em</strong><br />

que houver um acordo quanto a qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>verá criá-las. Outra noção que só passa a ter sentido a<br />

partir da constituição da socieda<strong>de</strong> é o direito à proprieda<strong>de</strong>. Para Hobbes, antes disso não há<br />

distinção entre “o meu e o teu”. Pertence a cada um somente aquilo que for capaz <strong>de</strong> adquirir<br />

e conservar e apenas no t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que conseguir fazê-lo.<br />

A possibilida<strong>de</strong> que os homens têm para se liberar <strong>de</strong>ssa condição miserável que a<br />

natureza lhes impôs está <strong>em</strong> parte nas paixões e <strong>em</strong> parte na razão. Segundo Hobbes,<br />

<strong>de</strong>terminadas paixões, como, por ex<strong>em</strong>plo, “[...] o medo da morte, o <strong>de</strong>sejo daquelas coisas<br />

necessárias para uma vida confortável e a esperança <strong>de</strong> consegui-las por meio do trabalho [...]<br />

” (HOBBES, 2003, p.111), faz<strong>em</strong> com que os homens <strong>de</strong>sej<strong>em</strong> a paz. Diante <strong>de</strong>ssa vonta<strong>de</strong>,<br />

“[...] a razão sugere a<strong>de</strong>quadas normas <strong>de</strong> paz, <strong>em</strong> torno das quais os homens po<strong>de</strong>m chegar a<br />

um acordo. Estas normas são aquelas normas a que <strong>em</strong> outras situações se chamam leis da<br />

natureza” (HOBBES, 2003, p. 111).<br />

É importante <strong>de</strong>stacar que, para Hobbes, a leis naturais constitu<strong>em</strong> a possibilida<strong>de</strong><br />

racional <strong>de</strong> que dispõ<strong>em</strong> os homens <strong>de</strong> sair da condição primeira na qual se encontram. No<br />

capítulo XIV do Leviatã, o autor apresenta as duas primeiras leis <strong>de</strong> natureza e, no capítulo<br />

seguinte, as outras <strong>de</strong>zessete. Para compreen<strong>de</strong>r como o cumprimento <strong>de</strong> tais leis se torna<br />

imprescindível à realização do pacto social, partir<strong>em</strong>os da análise das três primeiras leis. A lei<br />

<strong>de</strong> natureza, segundo Hobbes (2003, p. 112), “[...] é um preceito ou regra geral, estabelecido<br />

pela razão, mediante o qual se proíbe a um hom<strong>em</strong> fazer tudo o que possa <strong>de</strong>struir a sua vida<br />

ou privá-lo dos meios necessários para a preservar, ou omitir aquilo que pense melhor<br />

contribuir para a preservar”. De acordo com o autor, muitas vezes se confun<strong>de</strong> lei <strong>de</strong> natureza<br />

com direito <strong>de</strong> natureza, um engano que <strong>de</strong>ve ser corrigido, pois uma coisa não po<strong>de</strong> ser<br />

tomada pela outra. O direito <strong>de</strong> natureza consiste na liberda<strong>de</strong> que todo e qualquer hom<strong>em</strong><br />

possui <strong>de</strong> utilizar seu po<strong>de</strong>r para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r sua vida, ou seja, na busca <strong>de</strong> garantia da vida, os<br />

homens po<strong>de</strong>m utilizar como meio tudo aquilo que lhes indique sua razão. “O Direito consiste<br />

na liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer ou <strong>de</strong> omitir, ao passo que a Lei <strong>de</strong>termina ou obriga a uma <strong>de</strong>ssas duas<br />

coisas” (HOBBES, 2003, p. 112). Para o autor, quando referidos à mesma questão, o direito e<br />

a lei são coisas distintas, tal como no caso da liberda<strong>de</strong> e da obrigação. A liberda<strong>de</strong>, por sua<br />

69

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!