o conceito de stato em maquiavel - Unioeste
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seja feita por meios tirânicos, esse Estado po<strong>de</strong> ser classificado como real se essa for a forma<br />
<strong>de</strong> governo. A propósito disso, Bodin (2006, p. 98) critica a classificação aristotélica <strong>em</strong> que<br />
os reis são <strong>de</strong>finidos conforme o modo pelo qual tiveram acesso ao trono. A única diferença<br />
<strong>de</strong>terminante entre um rei e um tirano está na observação das leis <strong>de</strong> Deus e da natureza, pois,<br />
enquanto o rei as respeita, o tirano as <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra. Bodin chama a atenção para o fato <strong>de</strong> que<br />
não há príncipe algum que não tenha vícios, assim como não há tirano algum que não tenha<br />
alguma boa qualida<strong>de</strong>, sendo o que distingue um do outro é <strong>de</strong> fato a observância das leis <strong>de</strong><br />
Deus e da natureza. “É tirano qu<strong>em</strong> por seu próprio esforço se faz príncipe soberano, s<strong>em</strong><br />
eleição, n<strong>em</strong> direito hereditário, n<strong>em</strong> sorte, n<strong>em</strong> justo governo, n<strong>em</strong> vocação especial a Deus”<br />
(BODIN, 2006, p. 102).<br />
O <strong>conceito</strong> <strong>de</strong> soberania, como teorizado por Bodin, é um marco para a <strong>de</strong>terminação<br />
do Estado <strong>em</strong> seu sentido mo<strong>de</strong>rno. Com esse <strong>conceito</strong>, o Estado po<strong>de</strong> ser pensado como uma<br />
or<strong>de</strong>m não mais fundada no po<strong>de</strong>r sacro, mas enquanto uma instituição política que se<br />
instaura simplesmente pela ação humana. De acordo com Mayaki, esse objeto <strong>de</strong> pensamento<br />
político <strong>de</strong> Bodin é pensado a partir do espaço teórico aberto por Maquiavel, ou seja, uma<br />
forma <strong>de</strong> abordar as questões políticas que não nega a existência <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r soberano<br />
espiritual, mas que rejeita a eficácia <strong>de</strong> um tal po<strong>de</strong>r no campo t<strong>em</strong>poral. O comentador<br />
afirma que a passag<strong>em</strong> na qual Bodin <strong>de</strong>screve a orig<strong>em</strong> das repúblicas como um produto da<br />
força e da violência r<strong>em</strong>ete a um Estado fundado sobre uma potência profana, o que confirma<br />
que o autor nos fala <strong>de</strong> um Estado laico e não <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m cristã: “[...] a idéia segundo a<br />
qual o Estado é <strong>de</strong> fundação histórica e repousa essencialmente sobre a força e a violência<br />
constitui a base a partir da qual vai se edificar a organização <strong>de</strong> todos os el<strong>em</strong>entos<br />
indispensáveis à arquitetura teórica do pensamento político <strong>de</strong> Bodin” (MAYAKI, 2000, p.<br />
165). No discurso teórico <strong>de</strong> Bodin, segundo Mayaki, se admite a existência <strong>de</strong> uma fase<br />
inicial pré-política, caracterizada pela existência <strong>de</strong> somente um grupo: a família. Como a<br />
cida<strong>de</strong> não é formada pela renúncia voluntária da liberda<strong>de</strong> que os homens possuíam n<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />
um contrato entre os indivíduos, v<strong>em</strong>os que não é <strong>em</strong> nome <strong>de</strong> um b<strong>em</strong> comum que surg<strong>em</strong> os<br />
cidadãos. Ao contrário disso, como <strong>de</strong>screve Mayaki (2000, p. 117), “[...] a orig<strong>em</strong> das<br />
repúblicas é, para Bodin, menos jurídica e bastante conflitual”.<br />
2.4.2 O Estado Hobbesiano<br />
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