17.06.2013 Views

o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

governante é reconhecida no ato <strong>de</strong> manutenção daquilo que foi por ele instaurado, pois é este<br />

último que dá aos homens a garantia da vida coletiva.<br />

3.3 A MODERNIDADE DO PENSAMENTO DE MAQUIAVEL<br />

O estudo da utilização que Maquiavel faz do termo <strong>stato</strong> <strong>em</strong> seus escritos nos levou,<br />

<strong>em</strong> um primeiro momento, a questionar se era possível sintetizá-lo, a ponto <strong>de</strong> pensá-lo a<br />

partir <strong>de</strong> um sentido preciso e até mesmo <strong>de</strong> um sentido único. Diferent<strong>em</strong>ente do que pensou<br />

Chiappelli, não nos parece possível pensar que Maquiavel tenha utilizado o termo <strong>stato</strong> <strong>em</strong><br />

um sentido técnico, assim, não nos parece que o autor teria se utilizado do termo para<br />

<strong>de</strong>screver algo específico 72 . L<strong>em</strong>br<strong>em</strong>o-nos <strong>de</strong> que Chiappelli sustenta que <strong>em</strong> 75% dos casos<br />

Maquiavel utiliza o termo <strong>stato</strong> <strong>de</strong> forma técnica. Ora, se o autor tivesse feito isso teríamos<br />

outro probl<strong>em</strong>a para resolver, ou seja, <strong>de</strong>veríamos questionar os motivos pelos quais o autor<br />

não o fez nas <strong>de</strong>mais ocorrências. Hexter, ao corrigir o cálculo mat<strong>em</strong>ático feito por<br />

Chiappelli (correção na qual indica um erro quanto à porcentag<strong>em</strong> do uso técnico relativo ao<br />

número das ocorrências), <strong>de</strong>monstrando que os ex<strong>em</strong>plos citados por ele correspon<strong>de</strong>m, na<br />

verda<strong>de</strong> a 56% das ocorrências do termo, e não a 75%, como afirmara o pesquisador italiano,<br />

diz que, mesmo se todas essas ocorrências “[...] foss<strong>em</strong> efetivamente entendidas por<br />

Maquiavel exatamente assim, e ter um valor estritamente técnico, então Maquiavel tornaria as<br />

coisas extraordinariamente difíceis para os seus leitores, jogando 44% do t<strong>em</strong>po com lo <strong>stato</strong><br />

com algum significado não-técnico” (HEXTER, 1957, p. 136). Nesse sentido, Hexter parece<br />

ter razão. É por isso que, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente dos números apresentados por Chiappelli ou por<br />

Hexter, o que nos parece mesmo relevante é que se Maquiavel tivesse feito qualquer uso<br />

técnico do termo, qualquer ou quantas foss<strong>em</strong> as passagens nas quais ele utilizasse o termo<br />

<strong>em</strong> outro sentido, s<strong>em</strong> justificar o <strong>em</strong>prego diferente, conduziria o leitor ao mesmo probl<strong>em</strong>a<br />

terminológico-conceitual.<br />

O que constatamos nesta pesquisa é que o termo <strong>stato</strong> nos escritos <strong>de</strong> Maquiavel é <strong>de</strong><br />

fato um termo polissêmico, ou seja, o autor o utiliza <strong>em</strong> vários contextos e para falar <strong>de</strong> coisas<br />

diversas 73 . Não estamos com esta afirmação indicando um <strong>de</strong>scaso conceitual nos escritos do<br />

72<br />

No caso do que pensa Chiappelli este uso técnico caracterizaria o Estado mo<strong>de</strong>rno, mas falar<strong>em</strong>os<br />

especificamente disto no <strong>de</strong>correr do texto.<br />

73 Pancera, ao referir-se à variação dos significados <strong>de</strong> <strong>stato</strong> nos escritos <strong>de</strong> Maquiavel (o pesquisador faz<br />

menção aos seguintes sentidos: o etimológico <strong>de</strong> condição, <strong>de</strong> governo, <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento institucional e <strong>de</strong><br />

território e população), argumenta que “[...] tal alternância <strong>de</strong> significados talvez seja o resultado da própria<br />

90

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!