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o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

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indivíduos. Deveriam agir <strong>de</strong> modo a coibir os instintos maléficos do hom<strong>em</strong>, apren<strong>de</strong>ndo a<br />

lidar com a inconstância <strong>de</strong> sua natureza, aproveitando-se da necessida<strong>de</strong> que eles têm <strong>de</strong><br />

viver socialmente, pois só aceitam tal condição por extr<strong>em</strong>a necessida<strong>de</strong>. Tal<br />

afirmação,po<strong>de</strong>mos encontrá-la no seguinte trecho dos Discursos:<br />

[...] os homens nunca faz<strong>em</strong> b<strong>em</strong> algum, a não ser por necessida<strong>de</strong>; mas, on<strong>de</strong> são<br />

muitas as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> escolha e se po<strong>de</strong> usar <strong>de</strong> licença, tudo logo se enche <strong>de</strong><br />

confusão e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m. Por isso se diz que a fome e a pobreza tornam os homens<br />

industriosos, e que as leis os tornam bons. E, quando uma coisa funciona b<strong>em</strong> por si<br />

mesma, s<strong>em</strong> leis, não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lei; mas, quando falta o bom costume, a lei<br />

logo se faz necessária (Discursos, I, 3).<br />

A questão que segue é saber qual seria essa organização capaz <strong>de</strong> elaborar leis que,<br />

segundo o autor, fariam os homens bons e, ainda, possibilitariam seu convívio <strong>em</strong> socieda<strong>de</strong>.<br />

Atendo-nos à leitura <strong>de</strong> suas obras, po<strong>de</strong>mos concluir que essa organização que se<br />

impõe aos homens, coibindo sua malda<strong>de</strong>, é o <strong>stato</strong>. É ele que <strong>de</strong>ve agir visando tirar proveito<br />

das necessida<strong>de</strong>s que os homens possu<strong>em</strong>. O <strong>stato</strong> <strong>de</strong>verá <strong>em</strong>pregar seu po<strong>de</strong>r, sua força, para<br />

que os homens se <strong>de</strong>ix<strong>em</strong> guiar por ele. Deverá fazer uso <strong>de</strong> estratégias e técnicas<br />

fundamentais para garantir a eficácia <strong>em</strong> coagir a malda<strong>de</strong> dos homens. É importar <strong>de</strong>stacar<br />

que o governante, aquele que está à frente do <strong>stato</strong>, se move constant<strong>em</strong>ente num espaço <strong>de</strong><br />

incertezas, por isso, estará s<strong>em</strong>pre muito distante <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>s absolutas. O po<strong>de</strong>r e a política,<br />

no pensamento <strong>maquiavel</strong>iano, se justificam na organização da própria socieda<strong>de</strong>, pois os<br />

homens possu<strong>em</strong> inúmeras diferenças individuais, porém necessida<strong>de</strong>s s<strong>em</strong>elhantes. Cabe ao<br />

governante <strong>de</strong> virtù reconhecer estas necessida<strong>de</strong>s utilizando-as a seu favor.<br />

3.2 FUNDAÇÃO E INSTAURAÇÃO DO VIVERE CIVILE<br />

Pensar <strong>em</strong> <strong>stato</strong> nos escritos <strong>de</strong> Maquiavel é pensar numa relação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r existente<br />

entre aqueles que faz<strong>em</strong> parte <strong>de</strong>ssa organização e o autor está a cada capítulo <strong>de</strong> sua obra<br />

oferecendo ex<strong>em</strong>plos que nos levam a perceber esse jogo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que se engendra. Em vista<br />

disso, muitos são aqueles que ve<strong>em</strong> O Príncipe como um manual do agir político, que ensina<br />

a arte <strong>de</strong> conquista e da manutenção do po<strong>de</strong>r. Não se recordam que essa obra é fruto <strong>de</strong> sua<br />

experiência pessoal à frente da segunda chancelaria <strong>de</strong> Florença, <strong>de</strong> observações reais<br />

daquelas normas práticas que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre regularam o comportamento humano. Maquiavel<br />

não <strong>de</strong>screve os homens do modo como <strong>de</strong>veriam ser ou agir, mas a partir daquilo que eles <strong>de</strong><br />

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