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o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

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vez, é <strong>de</strong>finida, por Hobbes (2003, p. 112), como “[...] a ausência <strong>de</strong> impedimentos externos,<br />

impedimentos que, muitas vezes, tiram parte do po<strong>de</strong>r que cada um t<strong>em</strong> <strong>de</strong> fazer o que quer,<br />

mas não po<strong>de</strong>m obstar a que use o po<strong>de</strong>r que lhe resta, conforme o que o seu julgamento e<br />

razão lhe ditar<strong>em</strong>”.<br />

Ora, como, nesse estado <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong> os homens, na condição <strong>de</strong> guerra <strong>de</strong> todos<br />

contra todos, cada um governa a si mesmo conforme lhe dita sua razão e ninguém abre mão<br />

daquilo que lhe é necessário à preservação da vida, “[...] todo hom<strong>em</strong> t<strong>em</strong> direito a todas as<br />

coisas, até mesmo aos corpos dos outros” (HOBBES, 2003, p. 113). Nessa condição <strong>em</strong> que o<br />

direito natural perdura, os homens viv<strong>em</strong> constant<strong>em</strong>ente inseguros e n<strong>em</strong> mesmo a força e a<br />

sabedoria lhes dão garantia <strong>de</strong> vida. Disso, segundo Hobbes (2003, p. 113), <strong>de</strong>riva um<br />

preceito da razão: “Que todo hom<strong>em</strong> <strong>de</strong>ve se esforçar pela paz, na medida <strong>em</strong> que tenha<br />

esperança <strong>de</strong> conseguir, e caso não consiga po<strong>de</strong> procurar e usar todas as ajudas e<br />

vantagens da guerra” 60 . A primeira parte <strong>de</strong>ssa regra se refere à primeira lei da natureza, que<br />

é “procurar a paz, e segui-la”; a segunda parte é uma síntese do direito natural, pois <strong>de</strong>ixa<br />

claro que os homens po<strong>de</strong>rão utilizar todos os meios disponíveis tendo <strong>em</strong> vista <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r sua<br />

vida. A segunda lei da natureza é <strong>de</strong>rivada da primeira. Eis como Hobbes (2003, p. 113) a<br />

formula:<br />

Que um hom<strong>em</strong> concor<strong>de</strong>, quando outros também o façam, e na medida <strong>em</strong> que tal<br />

consi<strong>de</strong>re necessário para a paz e para a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> si mesmo, <strong>em</strong> resignar ao seu<br />

direito a todas as coisas, contentando-se, <strong>em</strong> relação aos outros homens, com a<br />

mesma liberda<strong>de</strong> que aos outros homens permite <strong>em</strong> relação a si mesmo.<br />

Como, no estado <strong>de</strong> natureza, todos têm direito a tudo, assim, enquanto perdurar essa<br />

condição, os homens não alcançarão a paz e a guerra prevalecerá entre eles. Apesar disso, não<br />

há motivos para que um hom<strong>em</strong> renuncie ao seu direito se os <strong>de</strong>mais não o fizer<strong>em</strong> também.<br />

Para Hobbes, numa atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas, qualquer hom<strong>em</strong> estaria se oferecendo como presa aos<br />

outros e não é sacrificando-se uns aos outros que alcançam a paz.<br />

Os homens po<strong>de</strong>m abdicar dos direitos 61 que possu<strong>em</strong> por meio <strong>de</strong> renúncia ou <strong>de</strong><br />

transferência 62 . A diferença entre esses dois atos está no fato <strong>de</strong> que, na renúncia, não importa<br />

60 Em todas as citações dos textos <strong>de</strong> Hobbes, os grifos são do autor.<br />

61 É importante <strong>de</strong>stacar que, no pensamento hobbesiano, alguns dos direitos que cada hom<strong>em</strong> possui são<br />

intransferíveis, como, por ex<strong>em</strong>plo, o direito <strong>de</strong> guardar sua própria vida. Segundo Hobbes, nenhum hom<strong>em</strong><br />

po<strong>de</strong> renunciar ao direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-se quando sua vida corre perigo.<br />

62 No capítulo XIV do Leviatã, Hobbes <strong>de</strong>screve quais são as formas utilizadas pelos homens para transferir ou<br />

renunciar aos seus direitos. Segundo o autor, tais atos po<strong>de</strong>m ser realizados por meio <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>claração ou<br />

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