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o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

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dê forma [...]”, e mais adiante o autor afirma que, “[...] na Itália, não falta matéria para<br />

introduzir todas as formas”. A vida do hom<strong>em</strong> <strong>em</strong> socieda<strong>de</strong>s políticas é s<strong>em</strong>pre o resultado<br />

das próprias ações humanas ao longo dos t<strong>em</strong>pos, do agente político que encontra no próprio<br />

hom<strong>em</strong> a matéria que será trabalhada até que a forma lhe seja impressa.<br />

O fundador é, para Maquiavel, aquele hom<strong>em</strong> que se <strong>de</strong>staca por sua elevada virtù. É<br />

aquele que percebe a ocasião propícia e age <strong>de</strong> acordo com a oportunida<strong>de</strong> que lhe é dada.<br />

Segundo o autor, “[...] <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os convir que não há coisa mais difícil <strong>de</strong> se fazer, mais<br />

duvidosa <strong>de</strong> se alcançar, ou mais perigosa <strong>de</strong> se manejar do que ser o introdutor <strong>de</strong> uma nova<br />

or<strong>de</strong>m” (O Príncipe, VI). Quando da fundação <strong>de</strong> uma nova or<strong>de</strong>m, aquele que a institui <strong>de</strong>ve<br />

saber que terá “[...] por inimigos todos aqueles que se beneficiam com a antiga or<strong>de</strong>m, e como<br />

tímidos <strong>de</strong>fensores todos aqueles a qu<strong>em</strong> as novas instituições beneficiaram”. O novo príncipe<br />

<strong>de</strong>ve estar s<strong>em</strong>pre atento às reações ferozes dos <strong>de</strong>scontentes. De acordo com Maquiavel, é<br />

muito provável que os inimigos ataqu<strong>em</strong> com furor e que os <strong>de</strong>fensores se amedront<strong>em</strong> diante<br />

do adversário. Nesse ponto, é relevante saber se tais inovadores utilizam meios próprios ou se<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> outros. Essa questão é extr<strong>em</strong>amente importante para nosso autor, pois disso<br />

po<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r o êxito da ação. A utilização <strong>de</strong> recursos como os da força e das armas é<br />

indispensável quando se pensa <strong>em</strong> manter o <strong>stato</strong> conquistado. Assim, Maquiavel afirma que<br />

[...] todos os profetas armados venc<strong>em</strong>, enquanto os <strong>de</strong>sarmados se arruínam,<br />

porque, além do que já ficou dito, a natureza dos povos é variável; e, se é fácil<br />

persuadi-los <strong>de</strong> uma coisa, é difícil firmá-los naquela convicção. Por isso, convém<br />

estar organizado <strong>de</strong> modo que, quando não acreditar<strong>em</strong> mais, seja possível fazê-los<br />

crer à força. (O Príncipe, VI).<br />

O ato <strong>de</strong> fundação por si só não basta. Além <strong>de</strong> fundar uma nova or<strong>de</strong>m, é necessário<br />

mantê-la. Mesmo que o ato inicial se caracterize pela violência, os recursos à força e às armas<br />

não po<strong>de</strong>m ser perpetuados e n<strong>em</strong> utilizados s<strong>em</strong> necessida<strong>de</strong> real. “Em outras palavras,<br />

<strong>em</strong>bora a fundação seja, na sua essência, um gesto solitário, esta ação somente será eficaz se<br />

escapar da pura lógica da força” (AMES, 2001, p. 15).<br />

Do segundo ao décimo primeiro capítulo <strong>de</strong> O Príncipe, Maquiavel tece seus<br />

comentários sobre as características <strong>de</strong> diversos tipos <strong>de</strong> principados, <strong>de</strong>monstrando quais são<br />

as ações sobre as quais o príncipe <strong>de</strong>ve se pautar para conquistá-los e conservá-los. Segundo o<br />

autor, “[...] os principais fundamentos <strong>de</strong> todos os stati, tanto dos novos como dos velhos ou<br />

dos mistos, são as boas leis e as boas armas” 71 (O Príncipe, XII). O ato <strong>de</strong> fundação, que, no<br />

71 No capítulo XVIII <strong>de</strong> O Príncipe, Maquiavel diz, respectivamente, sobre o uso das leis e da força, que “[...] a<br />

primeira é própria dos homens, a segunda é o dos animais, porém, como frequent<strong>em</strong>ente o primeiro não basta,<br />

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