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o conceito de stato em maquiavel - Unioeste

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que o príncipe <strong>de</strong>ve à lei divina e natural, é preciso consi<strong>de</strong>rar que essa lei não interfere na<br />

essência da soberania, mas que ela exerce influência sobre o príncipe, servindo-lhe <strong>de</strong> freios.<br />

É por isso que, para Bodin, o soberano <strong>de</strong>ve ser virtuoso, respeitador da lei <strong>de</strong> Deus. Nas<br />

palavras <strong>de</strong> Mayaki (2000, p. 169) 54 , “[...] consi<strong>de</strong>rando sua essência, e mesmo sua<br />

<strong>em</strong>ancipação natural, a soberania não conhece nenhum freio, n<strong>em</strong> limite. Em compensação, é<br />

preciso que o soberano seja necessariamente virtuoso”. Deus é o único juiz do príncipe<br />

soberano, visto que na or<strong>de</strong>m natural ele é a autorida<strong>de</strong> supr<strong>em</strong>a e nenhum hom<strong>em</strong> t<strong>em</strong> po<strong>de</strong>r<br />

para julgá-lo. De acordo com o comentador, quando Bodin <strong>de</strong>clara que o monarca é a imag<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong> Deus, ele está justificando o caráter ilimitado <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r, pois o que parece ser uma<br />

submissão do po<strong>de</strong>r do príncipe às leis divinas e naturais é a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> um príncipe que<br />

encarna na terra uma soberania total.<br />

No décimo capítulo <strong>de</strong> Les Six Livres <strong>de</strong> la Republique, <strong>em</strong> que Bodin discursa sobre<br />

os atributos que distingu<strong>em</strong> o príncipe soberano dos <strong>de</strong>mais homens, ele <strong>de</strong>clara a supr<strong>em</strong>acia<br />

t<strong>em</strong>poral dos <strong>de</strong>tentores da soberania e ainda os compara a Deus:<br />

Dado que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Deus, nada há maior sobre a terra que os princípios soberanos,<br />

instituído por Ele como seus lugares-tenente para mandar aos <strong>de</strong>mais homens, é<br />

preciso prestar atenção a sua condição para, assim, respeitar e reverenciar sua<br />

majesta<strong>de</strong> com a submissão <strong>de</strong>vida, e pensar e falar <strong>de</strong>les dignamente, já que qu<strong>em</strong><br />

menospreza seu príncipe soberano, menospreza a Deus do qual é sua imag<strong>em</strong> sobre<br />

a terra. (BODIN, 2006, p. 72).<br />

Para saber se um príncipe é soberano, faz-se necessário saber se seus atributos não são<br />

compartilhados com os súditos. Todo e qualquer atributo que seja comum ao príncipe e ao<br />

súdito não é atributo <strong>de</strong> soberania. Assim, caso o soberano faça <strong>de</strong> um súdito igual a si, fará<br />

com que seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sapareça. Diante disto, po<strong>de</strong>mos nos perguntar quais são essas<br />

peculiarida<strong>de</strong>s que possibilitam reconhecer o portador da soberania. Para começar, Bodin<br />

<strong>de</strong>staca quais são as ativida<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m ser exercidas tanto pelo príncipe quanto pelos<br />

súditos: a jurisdição, a nomeação e a <strong>de</strong>stituição <strong>de</strong> oficiais, a distribuição <strong>de</strong> penas e <strong>de</strong><br />

recompensas, tomar conselho sobre os assuntos do Estado, todas essas tarefas po<strong>de</strong>m ser<br />

<strong>de</strong>legadas aos <strong>de</strong>mais homens. O que <strong>de</strong> fato é somente <strong>de</strong> competência do soberano é,<br />

segundo Bodin, o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> produzir e anular leis, assim como tudo que se liga a isso, como,<br />

por ex<strong>em</strong>plo, a interpretação e a <strong>em</strong>enda <strong>de</strong> tais leis. Embora fale dos vários direitos que o<br />

soberano possui, Bodin <strong>de</strong>ixa claro que todos os atributos se reduz<strong>em</strong> ao po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> legislar:<br />

“[...] neste mesmo po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> dar e anular a lei, estão compreendidos todos os <strong>de</strong>mais direitos e<br />

54 Todas as referências a essa obra são traduções nossas.<br />

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