o conceito de stato em maquiavel - Unioeste
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qual aquele que usurpa está s<strong>em</strong>pre ameaçado <strong>de</strong> também per<strong>de</strong>r tudo para outro hom<strong>em</strong>, pois<br />
a <strong>de</strong>sconfiança é um constante entre eles.<br />
Em meio a todo esse receio <strong>de</strong>stacam-se aqueles homens que se antecipam, utilizando<br />
sua força ou sua astúcia para ampliar o domínio sobre outros, até o momento <strong>em</strong> que estejam<br />
certos <strong>de</strong> que não há nenhum po<strong>de</strong>r suficient<strong>em</strong>ente gran<strong>de</strong> que possa ameaçá-los. Para<br />
Hobbes, aqueles homens que, por medo, se contentam com seu domínio limitado não<br />
subsist<strong>em</strong> por muito t<strong>em</strong>po, pois ficar apenas na <strong>de</strong>fesa não lhes traz gran<strong>de</strong>s vantagens, visto<br />
que é necessário aos homens que ampli<strong>em</strong> seus po<strong>de</strong>res por meio <strong>de</strong> invasões.<br />
Na natureza do hom<strong>em</strong>, nos diz Hobbes, há três causas principais <strong>de</strong> discórdia: a<br />
competição, a <strong>de</strong>sconfiança e a glória. Da competição resulta o ataque dos homens entre si <strong>em</strong><br />
vista da obtenção <strong>de</strong> algum lucro; a <strong>de</strong>sconfiança leva os homens a buscar a segurança; e a<br />
obtenção da glória guia-os rumo à reputação. “Durante o t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que os homens viv<strong>em</strong> s<strong>em</strong><br />
um po<strong>de</strong>r comum capaz <strong>de</strong> mantê-los todos <strong>em</strong> t<strong>em</strong>or respeitoso, eles se encontram naquela<br />
condição a que se chama guerra; e uma guerra que é <strong>de</strong> todos os homens contra todos os<br />
homens” (HOBBES, 2003, p. 109). Hobbes consi<strong>de</strong>ra a existência da guerra não apenas nos<br />
momentos <strong>em</strong> que a luta se trava <strong>de</strong> fato, mas durante todo o momento <strong>em</strong> que há consciência<br />
<strong>de</strong> um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> se travar batalhas, durante o momento <strong>em</strong> que o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> guerra é latente.<br />
Como a disposição à luta já é consi<strong>de</strong>rada um estado <strong>de</strong> guerra, a paz só po<strong>de</strong> imperar nos<br />
momentos <strong>em</strong> que não há n<strong>em</strong> guerra <strong>de</strong> fato, n<strong>em</strong> disposição para tal.<br />
Durante o t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que prevalece a guerra, assim como durante todo o t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que<br />
os homens viv<strong>em</strong> apenas amparados por sua própria força e astúcia, não há socieda<strong>de</strong>. A<br />
insegurança e a <strong>de</strong>sconfiança impe<strong>de</strong>m que se realiz<strong>em</strong> trabalhos, plantios e comércios, e não<br />
há construções, n<strong>em</strong> arte, n<strong>em</strong> ciência. A falta <strong>de</strong> confiança entre os homens impe<strong>de</strong> qualquer<br />
tipo <strong>de</strong> trabalho cooperativo. Eles viv<strong>em</strong> dominados por um medo contínuo e sofr<strong>em</strong> com a<br />
possibilida<strong>de</strong>, s<strong>em</strong>pre presente da morte violenta, “[...] e a vida do hom<strong>em</strong> é solitária,<br />
miserável, sórdida, brutal e curta” (HOBBES, 2003, p. 109).<br />
Seria contestável o fato <strong>de</strong> que a natureza tenha feito os homens <strong>de</strong>ssa forma:<br />
dispersos e ainda <strong>em</strong> guerra constante, num ataque contínuo que leva à <strong>de</strong>struição. De acordo<br />
com Hobbes, enquanto não há leis que <strong>de</strong>termin<strong>em</strong> o que é proibido e o que é permitido, as<br />
ações humanas não po<strong>de</strong>m ser julgadas com base <strong>em</strong> princípios morais. N<strong>em</strong> as paixões<br />
humanas, n<strong>em</strong> os atos que <strong>de</strong>rivam <strong>de</strong>stas paixões <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>rados pecaminosos.<br />
Como enuncia o autor, “[...] <strong>de</strong>sta guerra <strong>de</strong> todos os homens contra todos os homens também<br />
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