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Diversidade na educação : reflexões e experiências - Cereja

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povo Ticu<strong>na</strong>, que se manifesta no ritual da meni<strong>na</strong>-moça, retirando todos os seus cabelos<br />

de criança, como princípio de fortalecimento e maturidade da nova mulher. A partir<br />

deste momento é adulta, pode casar e ter filhos. O trabalho é dividido por sexo, os homens<br />

têm algumas atividades que lhes são peculiares, as mulheres, outras. Portanto, podemos<br />

dizer que a <strong>educação</strong> indíge<strong>na</strong> se faz em todas as esferas da vida social, ela não cabe<br />

dentro de um único lugar (sala de aula) ou tempo (séries, idade).<br />

1.2 - Educação escolar e <strong>educação</strong> escolar indíge<strong>na</strong><br />

Para nós, povos indíge<strong>na</strong>s, assim como para as pessoas que se dedicam<br />

profissio<strong>na</strong>lmente ou que contribuem <strong>na</strong> reflexão e <strong>na</strong> construção de modelos de <strong>educação</strong><br />

escolar indíge<strong>na</strong>, é notório que desde o início do processo de colonização do Brasil as<br />

populações indíge<strong>na</strong>s foram alvo de imposição de formas de <strong>educação</strong>, visando o controle<br />

e a exploração da nossa gente. Tais ações eram planejadas e executadas de maneira<br />

sistemática, baseada em dados que subsidiavam a melhor maneira para que os<br />

colonizadores pudessem explorar a mão-de-obra e as riquezas existentes <strong>na</strong>s terras<br />

indíge<strong>na</strong>s.<br />

A <strong>educação</strong> escolar para povos indíge<strong>na</strong>s tem sido uma temática bastante<br />

explorada em nível <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, dada a sua diversidade pedagógica e cultural, embora<br />

tenhamos nossa própria <strong>educação</strong>, deixando assim, somente nos últimos anos, de ser<br />

imposição a implantação de escolas em terras indíge<strong>na</strong>s.<br />

Faz-se necessário traçarmos uma breve retrospectiva histórica da <strong>educação</strong> escolar<br />

<strong>na</strong>s terras indíge<strong>na</strong>s e como este instrumento de <strong>educação</strong> vem sendo reconstruído a<br />

partir de uma perspectiva de <strong>educação</strong> escolar indíge<strong>na</strong> específica, diferenciada, que<br />

respeite nossos costumes e línguas.<br />

A história da <strong>educação</strong> escolar para indíge<strong>na</strong>s está relacio<strong>na</strong>da ao período colonial<br />

e à presença da Igreja no Brasil. A cruz e a espada atravessaram o mar juntas, com o<br />

mesmo objetivo: negar a diversidade cultural. Povos indíge<strong>na</strong>s foram obrigados a<br />

abando<strong>na</strong>rem suas línguas, em favor das línguas impostas, a exemplo do nhengatu <strong>na</strong><br />

Amazônia, uma língua geral criada a partir do tupi pelos jesuítas. No regime de Marquês<br />

de Pombal, século XVIII, o ensino da língua oficial, o português, foi utilizado para assimilar<br />

os índios à sociedade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Missionários instalaram grandes inter<strong>na</strong>tos e escolas,<br />

onde o ensino foi um instrumento de imposição de valores não-indíge<strong>na</strong>s.<br />

Em 1910 é criado o Serviço de Proteção ao Índio - SPI, órgão de princípio<br />

positivista, que tinha por objetivo integrar os índios à chamada comunhão <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, a<br />

fim de formar um exército de mão-de-obra indíge<strong>na</strong> escrava. Dita ideologia de “integração”<br />

dos povos indíge<strong>na</strong>s à sociedade envolvente atravessou longos séculos e ainda está presente<br />

no “Estatuto do Índio”, que, no art. 1°, assi<strong>na</strong>la: “Esta Lei regula a situação dos índios ou<br />

silvícolas e das comunidades indíge<strong>na</strong>s, com o propósito de preservar e integrá-los,<br />

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