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Diversidade na educação : reflexões e experiências - Cereja

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tem sido colocado como uma exigência por grupos minoritários, em algumas modalidades<br />

de feminismo e <strong>na</strong>quilo que se chama política do multiculturalismo. A “identidade”, de<br />

acordo com o autor, desig<strong>na</strong> algo como uma compreensão de quem somos, de nossas<br />

características definitórias fundamentais como seres humanos (Taylor, 1997, p. 241).<br />

Logo, as divergências entre liberais e comunitaristas, frente à questão da<br />

diversidade que pode ser apanhada <strong>na</strong> chave da pluralidade de valores e do<br />

reconhecimento das particularidades culturais em relação à política e à justiça e <strong>na</strong> chave<br />

do multiculturalismo em relação à matriz adotada de política pública (a ênfase tem recaído<br />

<strong>na</strong> política educacio<strong>na</strong>l, mas alguns trabalhos da área de saúde, por exemplo, têm colocado<br />

o problema da ausência de tratamento para as chamadas doenças étnicas), advêm de<br />

duas outras questões que antecedem àquelas, o problema da constituição do self e o<br />

debate sobre a neutralidade do Estado liberal (Costa, 1997, p. 161; Souza, 1996, pp. 24-<br />

26; Taylor, 1997, pp. 259-266).<br />

Quanto ao self, os argumentos comunitaristas visam criticar a visão liberal atomística<br />

de que a racio<strong>na</strong>lidade e o poder moral da autonomia <strong>na</strong>s escolhas individuais e <strong>na</strong> formação<br />

da identidade sejam dados fora da sociedade e, portanto, ontologicamente anteriores à vida<br />

social. Na perspectiva de Taylor, que tem por base a tese hegelia<strong>na</strong> de um self eticamente<br />

situado, é inevitável se pensar <strong>na</strong> presença de um nexo constitutivo entre as identidades<br />

individual e coletiva (Costa, 1997, pp. 161-162; Taylor, 1997, p. 249).<br />

No que se refere à neutralidade liberal, três perspectivas ganham relevância:<br />

a) neutralidade das conseqüências: as regras estabelecidas deveriam ter<br />

as mesmas conseqüências para todas as comunidades que compartilham<br />

um mesmo sistema político; b) neutralidade de objetivos: o Estado liberal<br />

não defende qualquer concepção do bem em detrimento de outras<br />

concepções; c) neutralidade da justificação: os princípios de justiça<br />

não podem ser fundados em valores éticos substantivos, mas em<br />

conceitos morais universalmente aceitos, portanto, imparciais<br />

(Costa, 2002, p. 120).<br />

Para Taylor, o liberalismo não pode nem deve alegar completa neutralidade<br />

cultural. O liberalismo também é um credo em luta (Taylor, 1997, p. 267). Para a crítica<br />

comunitarista, a neutralidade liberal oculta uma concepção individualista do bem, que<br />

levaria ao egoísmo e negligenciaria o valor da comunidade.<br />

Taylor procura tor<strong>na</strong>r operacio<strong>na</strong>l o conceito de reconhecimento como conceito<br />

básico da vida social e política. A tese é que a nossa identidade é moldada, ao menos em<br />

parte, pelo reconhecimento ou por sua ausência, freqüentemente pelo reconhecimento<br />

i<strong>na</strong>dequado ou errôneo por parte dos outros significativos. O fato é que para Taylor o<br />

reconhecimento i<strong>na</strong>dequado ou a ausência de reconhecimento pode causar danos reais,<br />

ou distorções, para pessoas e grupos que recebem de pessoas ou sociedades em seu entorno<br />

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