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Diversidade na educação : reflexões e experiências - Cereja

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Nesse texto procuro destacar alguns aspectos teórico-práticos capazes de balizar<br />

o que vem sendo feito e discutido no campo educacio<strong>na</strong>l, sem o que a avaliação das<br />

perspectivas e desafios no tratamento da diversidade étnico-cultural e <strong>na</strong> implementação<br />

de políticas públicas para os negros pode ser comprometida. Com essa proposta, busco<br />

politizar o debate, <strong>na</strong> medida em que se dimensio<strong>na</strong> o alcance e as dificuldades <strong>na</strong><br />

proposição e operacio<strong>na</strong>lização de políticas de ação afirmativa. Tal exercício se impõe<br />

num momento de transição política, quando são abertas possibilidades de<br />

redirecio<strong>na</strong>mento das iniciativas em curso, conhecido o compromisso do governo eleito<br />

com a implementação de políticas sociais no País.<br />

Trata-se de recuperar algumas idéias alinhavadas em outros artigos, sempre<br />

sujeitas a reavaliações, desde que confrontadas com argumentos sólidos e marcados pelo<br />

respeito as diferentes posições teóricas que atravessam os estudos acadêmicos e ilumi<strong>na</strong>m<br />

às práticas políticas, para que a reivindicação do respeito à diferença não seja ape<strong>na</strong>s<br />

figura de retórica. Aqui, essas idéias, complexamente imbricadas, ganham um novo<br />

formato, mais didático, com o intuito de trazer a baila questões certamente polêmicas,<br />

mas que deverão ser enfrentadas, porque há adversários a combater e suas armas não<br />

podem ser menosprezadas.<br />

1) Conhecimento da conformação do Estado e das relações de<br />

poder existentes<br />

Considerando-se que a organização social domi<strong>na</strong>nte é capitalista, marcada por<br />

lutas entre classes e concepções de mundo antagônicas, o Estado – instância superestrutural<br />

dessa organização – expressa os interesses hegemônicos e relações de poder desiguais.<br />

Nessa perspectiva, importa também recuperar a história e conquistas empreendidas pelos<br />

grupos negros organizados, especialmente <strong>na</strong> conquista e ocupação de postos <strong>na</strong> estrutura<br />

de poder, empreendendo com competência uma “guerra de posição” que tem favorecido<br />

abertura de espaços fundamentais à luta anti-racista, dos quais não se pode abrir mão.<br />

Recentemente, foi desencadeado um processo de reorganização do capital,<br />

buscando novas respostas para a retomada da acumulação. Esse processo, denomi<strong>na</strong>do<br />

de globalização, agudizou as tendências percebidas no início do século XX, quando o<br />

capital fi<strong>na</strong>nceiro assumiu a hegemonia, evidenciando condições materiais que o ideário<br />

neoliberal tenta justificar, dissimulando o fato de serem formas contemporâneas de<br />

exploração e domi<strong>na</strong>ção. Organismos inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, ao adotarem esse ideário,<br />

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