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Diversidade na educação : reflexões e experiências - Cereja

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crítica dos problemas relacio<strong>na</strong>is entre sujeito cognoscente e o próprio objeto conhecido<br />

(Bandeira, 1997).<br />

A relação de alteridade que o contato entre diversidades circunstancia envolve<br />

uma dimensão política que remete ao campo dos direitos. A dimensão política do encontro<br />

entre “nós” e “o outro” ou “os outros” é inevitável e pelas implicações no plano dos<br />

direitos da pessoa deve ser assumida com lucidez e ousadia, como propõe Pierre Sanchis<br />

(1996: p. 37).<br />

A dinâmica sociocultural que o direito à diferença instaura, requer a formulação<br />

de políticas educacio<strong>na</strong>is que privilegiem o reconhecimento e o respeito à diferença,<br />

uma pedagogia da sociedade plural como pessoa coletiva, foco de ensino e aprendizagem<br />

do re-conhecimento e do respeito à diversidade, da com-vivência generosa, pro-ativa da<br />

ação cívica de integração democrática.<br />

Em termos teórico-práticos uma política educacio<strong>na</strong>l integrativa das diversidades<br />

pressupõe vínculo forte entre <strong>educação</strong> e cultura e propõe uma pedagogia dialógica, <strong>na</strong><br />

linha da pedagogia radical de Paulo Freire (1987, 1989).<br />

A sociedade, através dos movimentos sociais, da ação de organizações nãogover<strong>na</strong>mentais<br />

comprometidas com projetos de integração social e política das<br />

diversidades, o próprio Estado ao percutir essas demandas estão articulando esforços<br />

para a construção dessa pedagogia, como evidencia a própria organização deste fórum.<br />

Essas políticas são urgentes. Os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001<br />

que atingiram as torres gêmeas do Wold Trade Center, em Nova Iorque, e o Pentágono, em<br />

Washington, o conflito entre palestinos e judeus no Oriente Médio, outros tantos focos de<br />

intolerância em todo o mundo estão inflamando velhos e novos ativismos etnocentristas,<br />

incitando à barbárie, ao irracio<strong>na</strong>lismo antropofágico e genocida. A sociedade brasileira,<br />

também racista e etnocêntrica, no plano interno vem enfrentando o desafio das suas<br />

realidades multidimensio<strong>na</strong>is: a guerrilha urba<strong>na</strong>, gestada <strong>na</strong> exclusão e <strong>na</strong> pobreza; a<br />

improrrogável demanda de <strong>educação</strong> e escolarização multicultural, colocando a urgência<br />

de projetos políticos de integração democrática das diversidades.<br />

Sem entrar <strong>na</strong> polêmica em torno da visão pós-moder<strong>na</strong> de cultura e linguagem,<br />

a bem de maior clareza, é importante ter presente que cultura e linguagem implicitam<br />

comunicação huma<strong>na</strong>. Como sistema simbólico, a cultura organiza o real e desenvolve<br />

ação sígnica. A cultura é a fonte das <strong>na</strong>rrativas reguladoras que “fabricam” identidades<br />

imputadas (muitas vezes estigmatizadas), demarcam territórios, direcio<strong>na</strong>m olhares.<br />

A Cultura, mais do que acervo de traços, sistema cognoscitivo, visão de<br />

mundo, etos, é um processo intercomunicacio<strong>na</strong>l: criação e<br />

desaparecimento, estruturação e desestruturação, compartilhamento ativo<br />

ou abandono de visão de mundo etc. Também, e como uma cultura,<br />

identidade social não ‘’é”, mas faz-se e desfaz-se constantemente. (Sanchis,<br />

1996: 33)<br />

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