14.04.2013 Views

Diversidade na educação : reflexões e experiências - Cereja

Diversidade na educação : reflexões e experiências - Cereja

Diversidade na educação : reflexões e experiências - Cereja

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

políticas de promoção da igualdade como um tema de consenso no discurso da liderança<br />

negra.<br />

Outro dado a ser assi<strong>na</strong>lado refere-se ao fato de que o termo políticas de promoção<br />

da igualdade racial não foi, à época, densificado por nenhum conteúdo específico, seja<br />

reserva de acesso, cotas, metas ou reparação, tendo expressado o entendimento pactuado<br />

entre a liderança de que a mera repressão à discrimi<strong>na</strong>ção se afigurava insuficiente para<br />

garantir a igualdade; donde a formulação de que o Estado deveria desempenhar o papel<br />

de promotor, de indutor da igualdade, por meio de medidas positivas, propositivas.<br />

Retomando, ainda no ano de 1995, o jor<strong>na</strong>l “Folha de São Paulo” fez publicar a<br />

primeira pesquisa de opinião, de âmbito <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, com o objetivo de capturar a reação<br />

popular em face das propostas de políticas de promoção da igualdade racial. Diante da<br />

pergunta acerca de reserva de vagas para negros <strong>na</strong>s universidades e no trabalho, as<br />

respostas foram basicamente as seguintes: entre os negros, 40% a favor, e 35% contra;<br />

entre os pardos 35% a favor, e 39% contra; entre os brancos, 36% a favor, e 35% contra3 .<br />

Um ano depois, em 1996, o governo federal editava o Decreto 1.904, de 13 de<br />

maio de 1995, instituindo o Programa Nacio<strong>na</strong>l de Direitos Humanos, no qual constavam<br />

duas proposições endereçadas à temática das políticas de promoção da igualdade, a saber:<br />

1. “apoiar ações da iniciativa privada que realizem discrimi<strong>na</strong>ção positiva”; 2. “formular<br />

políticas compensatórias que promovam social e economicamente a população negra”.<br />

Os conceitos de discrimi<strong>na</strong>ção positiva e compensação passam então a integrar<br />

declarações oficiais, assi<strong>na</strong>lando o reconhecimento, por parte do governo federal, da<br />

necessidade de medidas positivas.<br />

II. O impacto da Conferência de Durban<br />

A despeito de todo o debate registrado nos últimos anos, o marco do ingresso da<br />

temática das cotas <strong>na</strong> mídia, <strong>na</strong>s casas legislativas e órgãos públicos foi,<br />

inquestio<strong>na</strong>velmente, o processo preparatório da participação brasileira <strong>na</strong> Conferência<br />

de Durban, que teve seu auge no segundo semestre do ano de 2001.<br />

Em setembro de 2000, a Presidência da República instituiu um Comitê paritário,<br />

composto por representantes de órgãos gover<strong>na</strong>mentais e de intelectuais e lideranças<br />

negras, aos quais foi entregue a tarefa de promover o debate no plano interno, representar<br />

o País nos foros inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is pertinentes e elaborar o documento que seria encaminhado<br />

à Conferência sul-africa<strong>na</strong>.<br />

O Relatório do Comitê Nacio<strong>na</strong>l para a Preparação da Participação Brasileira <strong>na</strong><br />

III Conferência Mundial Contra o Racismo, Discrimi<strong>na</strong>ção Racial, Xenofobia e Intolerância<br />

Correlata registra as seguintes formulações, entre outras:<br />

3 Racismo Cordial. Folha de São Paulo/DataFolha. São Paulo: Ática, 1995. p. 78.<br />

16

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!