Diversidade na educação : reflexões e experiências - Cereja
Diversidade na educação : reflexões e experiências - Cereja
Diversidade na educação : reflexões e experiências - Cereja
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
5<br />
APRESENTAÇÃO<br />
É indubitável o fato de que nós, brasileiros, vivemos numa<br />
sociedade complexa, plural, diversa e desigual. A nossa diversidade e<br />
pluralidade, contudo, não se exibe só através das diferentes culturas<br />
constituintes da população. A nossa diversidade se expressa <strong>na</strong><br />
marcante desigualdade social brasileira, seja entre ricos e pobres, entre<br />
brancos e negros ou índios, seja, enfim, entre os poucos que usufruem<br />
da cidadania ple<strong>na</strong> e os integrantes de uma significativa parcela da<br />
população que tem sido sistemática e historicamente empurrada para<br />
as suas margens.<br />
A nossa diversidade se manifesta <strong>na</strong>s tensões resultantes dessa<br />
desigualdade, que explodem em conflitos sociais. Expressa-se,<br />
conseqüentemente, <strong>na</strong> organização popular para a conquista de<br />
direitos. A consciência da necessidade de afirmação é crescente, como<br />
revela, entre outros, a progressiva organização dos povos indíge<strong>na</strong>s, e<br />
a organização, a luta e as proposições das entidades e grupos do<br />
Movimento Negro. São intensas as reivindicações atuais pelo respeito<br />
à diferença, como as de gênero, de opção sexual, a dos portadores de<br />
necessidades especiais etc.<br />
Como promotores das políticas educacio<strong>na</strong>is no Brasil não<br />
podemos nos eximir da tarefa, no contexto de nossas<br />
responsabilidades, de construção de um Brasil mais justo, mais<br />
solidário, mais fraterno e mais democrático.<br />
As desigualdades sociais, culturais, econômicas e raciais<br />
encontram-se refletidas, como se sabe, no sistema educacio<strong>na</strong>l<br />
brasileiro. O pertencimento racial, em especial, foi e é central <strong>na</strong><br />
definição e <strong>na</strong> construção dessa desigualdade. Replicando os mais de<br />
trezentos e cinqüenta anos de trabalho escravagista, o negro <strong>na</strong><br />
sociedade brasileira continua sendo alijado da participação dig<strong>na</strong>,<br />
democrática e cidadã e, portanto, da <strong>educação</strong> formal desse País. Assim,<br />
não obstante o aumento progressivo da escolaridade média da<br />
população brasileira em geral ao longo do século XX, a diferença entre<br />
a escolaridade dos jovens brancos e negros continua a mesma vivida<br />
pelos pais e avós desses jovens.