Diversidade na educação : reflexões e experiências - Cereja
Diversidade na educação : reflexões e experiências - Cereja
Diversidade na educação : reflexões e experiências - Cereja
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
acial. O próprio Programa <strong>Diversidade</strong> <strong>na</strong> Universidade já faz parte dessa<br />
política do governo brasileiro frente à comunidade inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Seguindo<br />
essa linha i<strong>na</strong>ugural e temporária, o MEC deve assumir essa responsabilidade<br />
e colocar esse diferencial em todas as suas políticas públicas. Caso contrário,<br />
pareceria que é somente com verbas da dívida exter<strong>na</strong> que o Brasil se<br />
compromete a melhorar as relações raciais dentro do País.<br />
IV – Sobre as cotas para estudantes negros <strong>na</strong>s universidades<br />
1. O coletivo de professores dos NEABS é unânime em considerar que as cotas<br />
devem formar uma parte central das políticas de ação afirmativa, tão<br />
discutidas no Brasil atualmente. Entendemos perfeitamente que as ações<br />
afirmativas não se esgotam <strong>na</strong> política de cotas para a entrada <strong>na</strong> universidade.<br />
Outras ações são igualmente necessárias, tais como o apoio aos cursos prévestibulares<br />
e programas de apoio à permanência, bolsas de manutenção,<br />
moradia e acompanhamentos acadêmicos diversos. Contudo, estamos<br />
convencidos de que todo projeto de ação afirmativa no Brasil tem que incluir<br />
cotas, em caráter imprescindível, emergencial e temporário.<br />
Cada universidade deverá definir a porcentagem de cotas reservadas para negros<br />
de acordo com a sua realidade racial local, após discussão do assunto nos seus respectivos<br />
Conselhos Universitários. Além das cotas para a graduação, defendemos também cotas<br />
para os cursos de pós-graduação (mestrado e doutorado). As informações e estudos de<br />
que dispomos até agora indicam que os mecanismos de discrimi<strong>na</strong>ção e exclusão contra<br />
os estudantes negros operam ainda com maior intensidade nos exames de seleção para a<br />
pós-graduação.<br />
Reiterando o ponto fundamental, dada a situação de exclusão racial tão alta <strong>na</strong>s<br />
nossas universidades, faz-se necessária a implementação de cotas para a graduação,<br />
mestrado e doutorado, obedecidas as realidades locais e específicas de cada universidade.<br />
2. Se a porcentagem de estudantes negros <strong>na</strong>s universidades brasileiras já é<br />
muito baixa, a de professores universitários negros é ainda mais baixa, ficando<br />
atualmente <strong>na</strong> faixa de aproximadamente 1% do total dos docentes das nossas<br />
universidades públicas. Diante desse quadro tão ínfimo de<br />
representatividade, propomos a reserva de cotas para negros também nos<br />
novos concursos para professores das universidades que o MEC venha a<br />
abrir de agora em diante. A integração racial deve começar <strong>na</strong> nossa academia<br />
de uma forma ple<strong>na</strong>, generalizada e em âmbito <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />
3. As ações afirmativas a serem implementadas <strong>na</strong>s universidades devem incluir<br />
também bolsas dos programas de formação e pesquisa, tais como o PIBIC, o<br />
167