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Diversidade na educação : reflexões e experiências - Cereja

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A metodologia utilizada para trabalhar esses elementos tem por princípio<br />

identificar e desvendar fatos e contextos históricos que dizem respeito à população negra,<br />

referencias civilizatórios africanos, pesquisas e entrevistas com representantes da religião<br />

afro-brasileira e instituições que preservam, discutem e reafirmam os referenciais<br />

culturais dos descendentes de africanos, ausentes dos conteúdos discipli<strong>na</strong>res da escola<br />

regular, das discipli<strong>na</strong>s nos cursos de graduação, dos livros didáticos, etc. Conteúdos<br />

esses considerados pelo Ceafro como fundamentais para reconstrução de referencias<br />

identitários.<br />

O resgate da auto-estima do jovem negro passa pelo fortalecimento do seu<br />

autoconceito; assim, é fundamental que o jovem negro retome a confiança <strong>na</strong> sua<br />

capacidade intelectual e, consciente de que possui fragilidades acumuladas graças a uma<br />

história educacio<strong>na</strong>l frustrante, não é pouco inteligente, mas sim foi mal trabalhado, teve<br />

acesso restrito aos bens culturais que seu povo ajudou a construir.<br />

A proposta de formação do Ceafro considera que é importante a participação dos<br />

jovens nos processos educativos em que estão envolvidos, pois se aprende de modo mais<br />

significativo <strong>na</strong> medida em que os conhecimentos fazem sentido para ele e não ape<strong>na</strong>s<br />

para o professor. São de fundamental importância, desse modo, os conhecimentos prévios<br />

dos alunos e suas <strong>experiências</strong> socioculturais.<br />

Por outro lado, identificar e construir coletivamente com os alunos a história do<br />

processo da existência da comunidade, da cidade e do País, enfatizando o papel dos<br />

atores envolvidos neste processo, estabelecendo referências com os seus antepassados, a<br />

partir da revisão <strong>na</strong> historiografia oficial, possibilita ao aluno compreender-se enquanto<br />

sujeito ativo, com capacidade de transformar o seu cotidiano.<br />

Os resultados alcançados nos primeiros cinco anos junto aos alunos, no que diz<br />

respeito ao fortalecimento da identidade e auto-estima, a apreensão dos conteúdos, a<br />

análise crítica, a relação professor x aluno e a ampliação das expectativas dos jovens,<br />

credenciou o Ceafro a apresentar essa experiência como proposta para formação de<br />

professores da rede municipal de ensino de Salvador, com vistas a construir um espaço<br />

educacio<strong>na</strong>l plural, no qual a diversidade huma<strong>na</strong> seja eixo central, onde o/a jovem<br />

negro/a sejam sujeito da sua história.<br />

Vale ressaltar que o Ceafro sempre teve como perspectiva ampliar sua atuação<br />

para o âmbito das escolas públicas, pois nela se reproduz a inferiorização das crianças e<br />

jovens negras(os), a partir dos estereótipos e estigmas que desestruturam a identidade e<br />

auto-estima desses alunos desde os primeiros anos de estudos.<br />

Nas escolas públicas, onde os negros são maioria, os instrumentos utilizados<br />

para avaliar índices de aprendizagem e desempenho dos alunos não estão adequados à<br />

realidade e os dados coletados vêm perpetuando um discurso sobre a evasão e repetência,<br />

que atribuem a responsabilidade desses resultados aos alunos e professores. O mais agravante<br />

deste quadro é o processo de estigmatização resultante dessas análises, que identificam<br />

a incapacidade dos alunos negros em apreender e a falta de compromisso dos profes-<br />

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