14.04.2013 Views

Diversidade na educação : reflexões e experiências - Cereja

Diversidade na educação : reflexões e experiências - Cereja

Diversidade na educação : reflexões e experiências - Cereja

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O contexto<br />

O Estado do Rio Grande do Sul apresenta, segundo dados do Ministério da<br />

Educação, características bastante particulares em termos da presença de alunos<br />

afrodescendentes1 no Ensino Médio – são 24%, e da sua trajetória neste nível de ensino.<br />

Dentre todas as unidades da Federação, é no RS que este grupo social e étnico mais<br />

alcança, proporcio<strong>na</strong>lmente, a conclusão do EM, ainda que se considere seu índice<br />

numérico comparativamente menor dentro do universo da população escolar deste estado.<br />

Apesar deste dado aparentemente promissor para a ascensão educacio<strong>na</strong>l formal<br />

dos afrodescendentes gaúchos, ao se observar a presença de estudantes afrodescendentes<br />

<strong>na</strong>s escolas de Ensino Superior no Rio Grande do Sul, verifica-se que acontece uma redução<br />

drástica nos números. Enquanto 14% dos estudantes afrodescendentes sul-rio-grandenses<br />

concluem o Ensino Médio – o maior índice entre os estados brasileiros – ape<strong>na</strong>s 2,7%<br />

logram acessar as faculdades e/ou universidades, públicas ou privadas. Entre os estudantes<br />

brancos do mesmo Estado, esta defasagem é de 39% para 16%.<br />

Tal realidade cria uma óbvia demanda reprimida formada por jovens<br />

afrodescendentes interessadas(os) em – mas impedidas(os) de – dar continuidade à sua<br />

<strong>educação</strong> formal e capacitação profissio<strong>na</strong>l em busca da realização de seus sonhos e, <strong>na</strong><br />

maioria dos casos, de sua ascensão social. Usando expressão utilizada origi<strong>na</strong>lmente para<br />

indicar o racismo no mercado de trabalho para altos executivos, há um “teto de vidro”<br />

que permite aos estudantes afrodescendentes vislumbrarem o Ensino Superior, mas que<br />

não os autoriza a entrar neste estágio educacio<strong>na</strong>l.<br />

Enquanto maior centro urbano e capital do Estado, Porto Alegre, juntamente com<br />

sua Região Metropolita<strong>na</strong>, concentra a maior parte destes jovens afrodescendentes gaúchos<br />

potencial e legalmente capacitados para ingressar em um curso universitário. Esta situação,<br />

associada à existência de cerca de duas deze<strong>na</strong>s de instituições de ensino superior <strong>na</strong><br />

região, explica a crescente demanda por preparação para os concursos vestibulares <strong>na</strong><br />

capital sul-rio-grandense.<br />

Considerando-se sua origem escolar <strong>na</strong>s redes públicas municipais e estadual de<br />

ensino e a tendência a residirem, face à histórica desvantagem econômica, em regiões<br />

mais empobrecidas e de periferia, os estudantes afrodescendentes egressos do EM no Rio<br />

1 Para o presente trabalho considera-se como afrodescendente aquela pessoa qualificada, em pesquisas como as<br />

do INSPIR, do DIEESE e do PED, como negro, incluindo no mesmo grupo indivíduos classificados como pretos e<br />

pardos.<br />

93

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!