Diversidade na educação : reflexões e experiências - Cereja
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popular em detrimento do potencial pedagógico da prática democrática representativa<br />
de claros e definidos anseios populares (Souza, 1996, pp. 23-24).<br />
Um dos aspectos centrais polêmicos levantados pela crítica à concepção<br />
procedimental é que a mesma <strong>na</strong>sce sob o signo da assimilação da lógica da política à<br />
lógica do mercado capitalista. O resultado último de uma tal perspectiva é que a relação<br />
do indivíduo com o Estado, que poderia se orientar pela dimensão simbólica e prática da<br />
cidadania, é sistematicamente obscurecida dando lugar ao indivíduo como cliente do<br />
Estado, isto é, o cidadão pagador de impostos que tem direito à prestação de serviços<br />
estatais.<br />
Embora liberais e comunitaristas esposem a suposição que os processos de<br />
individualização e pluralização social acontecem simultaneamente, há divergências quanto<br />
à avaliação e às formas políticas mais apropriadas para lidar com estes processos (Costa,<br />
1997, p. 161).<br />
“Enquanto grande parte dos liberais manifesta certa indiferença quanto<br />
ao problema da pluralidade de valores e da diversidade cultural, os<br />
comunitaristas tendem a enfatizar ambos os processos, alertando para<br />
suas conseqüências sobre a organização e estabilidade das relações de<br />
convivência social. De um lado, o processo de individualização implicaria<br />
o desenraizamento, o <strong>na</strong>rcisismo, a atomização do eu e o esvaziamento<br />
da identidade. De outro, a pluralização dos valores culturais poderia<br />
levar à perda do espírito comunitário e da solidariedade, à fragmentação<br />
e desintegração dos vínculos sociais, à erosão dos fundamentos morais<br />
dos critérios de justiça”. (Costa, 1997, p. 161)<br />
Inúmeras sociedades contemporâneas conformam em um mesmo espaço<br />
territorial, no interior de uma mesma comunidade política, a presença de diferentes grupos<br />
sociais que desenvolvem práticas, relações, tradições, valores e identidades culturais,<br />
individuais e coletivas, que são tanto comuns a todos quanto distintas de uns em relação<br />
a outros.<br />
Tal constatação tem fomentado em grande medida o debate em torno da <strong>na</strong>tureza<br />
global da etnicidade e a prevalência do conflito étnico no mundo moderno.<br />
As relações raciais e étnicas, normalmente, são vistas como manifestações de<br />
estratificação e do conflito que se desenvolve em busca das recompensas societais – poder,<br />
riqueza e prestígio – de acordo com a perspectiva estrutural ou macro do padrão de relações<br />
étnicas e raciais mais que no plano psicológico embora o último atravesse o primeiro<br />
(Marger, 1994).<br />
Em uma outra perspectiva, Taylor procura desvendar os vínculos entre<br />
reconhecimento e identidade. O reconhecimento tem sido uma necessidade e uma das<br />
forças propulsoras dos movimentos políticos <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>listas e, <strong>na</strong> política contemporânea,<br />
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