Diversidade na educação : reflexões e experiências - Cereja
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PET e outros. Além disso, o MEC deve desenvolver programas de bolsas<br />
exclusivas para a população negra.<br />
4. Até agora, o esforço para discutir as cotas tem-se concentrado em poucos<br />
lugares, <strong>na</strong> maioria das vezes nos NEABs das universidades. Propomos que<br />
o MEC assuma a condução da discussão <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l sobre as cotas para negros<br />
no ensino superior e que produza um plano <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de implementação das<br />
mesmas em todas as universidades públicas e de estímulo à sua<br />
implementação <strong>na</strong>s universidades privadas.<br />
5. A rejeição às cotas não tem causado, por enquanto, nenhum ônus profissio<strong>na</strong>l<br />
para os professores de muitas universidades, pelo simples fato de que a<br />
posição, negativa ou positiva, frente ao tema não influencia os critérios de<br />
dotação dos recursos para as universidades. Se o MEC quiser implementar<br />
as recomendações inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is sobre o combate à discrimi<strong>na</strong>ção racial (as<br />
quais o Brasil assinou) e desenvolver seriamente a diversidade <strong>na</strong><br />
universidade, deverá começar a adotar a seguinte atitude: aquelas<br />
universidades que mais depressa e mais amplamente se dispuserem a<br />
promover a integração racial terão preferência, frente ao MEC, <strong>na</strong> contratação<br />
de professores, <strong>na</strong> distribuição de bolsas, nos recursos da Capes, nos<br />
equipamentos etc. E aquelas universidades que resistirem à integração racial<br />
não terão mais prioridade <strong>na</strong> hora da distribuição dos recursos e irão, por<br />
assim dizer, para o fim da fila. Desse modo, os professores sentirão que haverá<br />
um ônus por resistir à integração racial. Isso mudará a condução da discussão<br />
sobre cotas <strong>na</strong>s universidades, no marco da autonomia universitária: os<br />
Conselhos Universitários são autônomos para decidir se implementam ou<br />
não as cotas, mas deverão assumir as conseqüências de sua decisão<br />
quando reagirem à integração racial proposta pelo governo e optarem<br />
pela manutenção da exclusão racial ora amplamente constatada e<br />
debatida.<br />
6. Observamos, através dos debates de que participamos, que as reações mais<br />
freqüentes às propostas de cotas se baseiam em argumentos ainda pouco<br />
elaborados. Poucos dos que se dizem contra as cotas são capazes de justificar,<br />
com dados e <strong>reflexões</strong> aprofundados, sua decisão colocada, muitas vezes de<br />
um modo primário, em termos de sim ou não, como se se tratasse de uma<br />
mera questão de preferência. Na medida em que se trata de compromisso de<br />
governo, frente a organismos inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is inclusive, uma das ações que o<br />
MEC poderá apoiar é a preparação de cartilhas e documentos que aprofundem<br />
os argumentos presentes <strong>na</strong>s propostas de cotas. A elaboração e divulgação<br />
desses materiais poderá ser tarefa da Comissão de Ensino para a população<br />
negra, uma vez que esta esteja devidamente instalada, tal como sugerimos<br />
acima.<br />
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