Revista Economia n. 13.pmd - Faap
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China possui armas nucleares e mísseis balísticos intercontinentais, além de ter<br />
aumentado seu orçamento militar a taxas de dois dígitos por 17 vezes<br />
consecutivas.<br />
Dentre as possibilidades acima apresentadas, a que acabou prevalecendo<br />
no governo Koizumi foi a concepção da China como uma ameaça, apesar de os<br />
anos desse governo terem presenciado um notável desenvolvimento das relações<br />
comerciais entre China e Japão, com a China se tornando o segundo maior<br />
comprador e o principal fornecedor japonês. No ano de 2005 a China importou<br />
do Japão o equivalente a US$ 80,36 bilhões enquanto os Estados Unidos<br />
importaram o equivalente a US$ 134,9 bilhões; e exportou ao Japão US$ 109,02<br />
bilhões, enquanto os Estados Unidos exportaram US$ 64,46 bilhões (UEHARA,<br />
2006, p. 63).<br />
Apesar da boa integração econômica, o governo Koizumi ficou marcado<br />
pela falta de habilidade ao conduzir as relações sino-japonesas, o que acabou<br />
resultando numa deterioração destas. Um evento em especial – as visitas ao<br />
Santuário Yasukuni, no Japão – acabou provocando atritos entre o governo<br />
japonês e o governo e a população chinesa. Desde que foi eleito primeiro-ministro,<br />
Koizumi optou por realizar visitas periódicas a esse santuário. Para uma melhor<br />
compreensão das implicações desse caso e do porquê disso ter ocorrido, deve-se<br />
primeiramente analisar o jogo de interesses e significados existentes por detrás<br />
do evento. De acordo com Breen (2005 [online]), são duas as características do<br />
santuário que provocaram intrigas, sendo a primeira o fato de o Imperador utilizálo<br />
para homenagear os mortos de guerra e a segunda, o fato de o Museu de<br />
Guerra Yuushuukan, localizado no interior do santuário, não contar com nenhuma<br />
menção aos adversários dos japoneses. A ambigüidade do primeiro fato se resume<br />
em saber quem está honrando quem, já que ao honrar aqueles que morreram<br />
pelo Japão, está se valorizando os valores do patriotismo, coragem e o autosacrifício,<br />
valores estes que eram sustentados pela instituição imperial. Logo, ao<br />
mesmo tempo em que o santuário existe para que os mortos sejam venerados<br />
pelo Imperador, a existência do santuário serve também para manter vivo o<br />
Imperador como instituição e os valores pregados por ela. Quanto ao Museu de<br />
Guerra Yuushuukan, desde que foi reaberto em 1985, passou a exibir e propagar<br />
a glorificação aos atos de sacrifício e coragem dos soldados japoneses que lutaram<br />
pelo Império, mostrando as grandezas realizadas por eles. Entretanto, nenhuma<br />
menção é feita a qualquer adversário do Japão, o que acaba distorcendo os fatos,<br />
já que a eliminação dos inimigos e a manutenção das lembranças honrosas fazem<br />
com que o visitante se prenda apenas ao lado japonês da guerra. Outro ponto<br />
referente ao Santuário Yasukuni que deve ser levado em consideração é o fato<br />
de que em 1978 os nomes de 14 pessoas, consideradas culpadas por crimes de<br />
guerra de categoria A, de mais alta punição, foram adicionados entre os nomes<br />
honrados pelo templo.<br />
Inconformados com a situação, os líderes chineses resolveram se retirar de<br />
negociações entre o alto escalão chinês e o japonês, primeiramente evitando as<br />
visitas entre as respectivas capitais, e depois as reuniões multilaterais. A partir de<br />
2002 as visitas de Estado se encerraram e em dezembro de 2005 os encontros<br />
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<strong>Revista</strong> de <strong>Economia</strong> & Relações Internacionais, vol.6(13), 2008