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Revista Economia n. 13.pmd - Faap

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Apesar do discurso sobre propostas de mudança, e de melhoria das condições<br />

socioeconômicas mundiais, a atenção real da diplomacia brasileira está orientada<br />

para os fóruns econômicos e para o relacionamento com os grandes países,<br />

procurando convencê-los a aceitar mais um parceiro que possa ajudá-los a<br />

gerenciar os destinos do mundo. O intuito real não é resolver os graves problemas<br />

que afetam o planeta, mas atender as necessidades do país, obtendo condições<br />

mais satisfatórias nas negociações, projetando-o em seguida para um nível<br />

superior.<br />

As demandas brasileiras são apresentadas com a mesma ênfase em termos<br />

multilaterais e bilaterais. Nos encontros com o governo norte-americano, com<br />

o francês, ou com outro membro qualquer do Grupo dos 8, as reivindicações<br />

trilham pelo conhecido caminho: redução de subsídios aos produtos,<br />

principalmente aos agrícolas, e maiores investimentos. No âmbito das instâncias<br />

multilaterais, seja como membro, seja como convidado, o governo brasileiro<br />

faz ouvir sua voz batendo na mesma tecla, incluindo questões outras como a<br />

pobreza, o problema populacional/demográfico e itens relativos à propriedade<br />

intelectual e à pirataria, ao meio ambiente, sobretudo no que tange à sua<br />

conservação, e à biotecnologia. Como elemento favorável, não se deve esquecer<br />

que em 2004 o país saldou seus compromissos com o Fundo Monetário<br />

Internacional (FMI), embora não tenha sabido capitalizar esse fato.<br />

Para atingir seu intento, o governo brasileiro aproxima-se e distancia-se<br />

conforme os momentos, ainda que às vezes apressadamente. Assim, une-se à<br />

União Européia e Índia contra os subsídios agrícolas praticados pelos Estados<br />

Unidos (inclusive saindo vitorioso contra os EUA na OMC recentemente, após<br />

demanda feita em 2003); aproxima-se do Canadá, também, contra os Estados<br />

Unidos sobre os preços do milho, enquanto diverge com o governo canadense<br />

sobre os subsídios por este concedido à indústria aeronáutica. Ao mesmo tempo<br />

se aproxima dos Estados Unidos, como se verificou com a visita de George<br />

Bush ao Brasil em 2007; por causa do etanol, Lula cobrou do representante<br />

norte-americano a redução da taxa sobre a exportação desse produto, fonte de<br />

divisas brasileira. Tanto no encontro do G-8 de 2006 quanto na reunião do início<br />

de dezembro de 2005, que marcou a despedida de Alan Greenspan como<br />

presidente do Federal Reserve, o Brasil insistiu nesses temas. No primeiro, o<br />

chanceler Celso Amorim se reuniu com o comissário de Comércio da União<br />

Européia, Peter Mandelson, para tratar das pressões exercidas pelos países<br />

menores, na figura do G-20 (Grupo dos Países em Desenvolvimento), para que<br />

fossem aprofundadas as reduções de subsídios agrícolas adotados pelos Estados<br />

Unidos. No encontro realizado logo depois, em julho de 2006, com os membros<br />

do G-8, o próprio presidente Lula se encarregou de colocar na agenda os<br />

problemas existentes para a ampliação das negociações da Rodada Doha 12 . Na<br />

outra oportunidade, em dezembro de 2005, o ex-ministro da Fazenda Antonio<br />

Palocci, representante brasileiro ao participar como convidado no encontro do<br />

G-7, em companhia dos colegas da Índia, China e África do Sul, já havia repetido<br />

semelhantes argumentos. Nisto inclusive coincidiu com o discurso pronunciado<br />

42<br />

12 Cf. Amorim e Mandelson vão discutir resistência dos EUA. O Estado de S. Paulo, 13 jul 2006, p. B4.<br />

<strong>Revista</strong> de <strong>Economia</strong> & Relações Internacionais, vol.6(13), 2008

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