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Revista Economia n. 13.pmd - Faap

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ealidade. A infra-estrutura melhorou. Novos edifícios, grandes supermercados<br />

e shopping centers, além de uma robusta indústria de construção civil,<br />

transmitiram uma sensação de progresso.<br />

Apesar disso, o desemprego permaneceu elevado. Em 2005, a taxa alcançou<br />

18% na Polônia – o dobro da média dos países da UE15. Na Eslováquia, foi de<br />

11,5%; na Eslovênia, 9,8% 29 ; e na República Tcheca, quase 9%. O desemprego<br />

entre os jovens é superior a 20% na maioria dos países. Na Polônia, 20% da<br />

população vive abaixo da linha de pobreza (Moreira, 2006) 30 .<br />

Como as pessoas reagem a esta nova situação? De otimistas, no início do<br />

processo de expansão, passaram ao ceticismo. Muitos dos recém-ingressados na<br />

União Européia se ressentem por serem tratados como membros de segunda<br />

classe, ao se referirem, especialmente, à proibição de se mudarem para o resto<br />

da Europa (exceto Inglaterra, Irlanda e Suécia, embora com restrições). Os<br />

salários são muito mais baixos; as instalações de saúde são precárias; a previdência<br />

social e o seguro-desemprego são inadequados.<br />

A UE8 esperava mais do que está recebendo da UE15. Os poloneses, por<br />

exemplo, sentem que a União Européia deveria lhes dar mais recursos para<br />

reconstruir a infra-estrutura, notadamente as estradas ruins. Os letões consideram<br />

a União Européia demasiadamente burocrática. Os húngaros se queixam de<br />

receber salários que são menos que um terço do que é pago aos europeus<br />

ocidentais. Os lituanos gostariam de estar em melhores condições. Os estonianos<br />

são pragmáticos: “somos um país pequeno (1,3 milhão de pessoas), então temos<br />

de ser especiais, senão não seremos nada”. Com esta idéia em mente, eles estão<br />

se tornando a nação de alta tecnologia, tentando imitar a vizinha Finlândia, um<br />

dos países mais desenvolvidos na região.<br />

Em suma, as reações variam. Para muitos, o otimismo prevalece. Há<br />

esperança de dias melhores pela frente. A produção industrial cresce. Produtos<br />

são mais sofisticados. Os países vêm atraindo investimento direto estrangeiro.<br />

Os salários começam a aumentar. Mas os trabalhadores ainda não sabem que<br />

levará algum tempo para chegar ao ponto de Portugal e Espanha, que tiveram<br />

um “boom” depois de entrarem na UE15. Por isso, em muitas rodas, prevalece<br />

o pessimismo, lamentando-se o fato de o desemprego ainda ser alto, o trabalho<br />

informal dominante e os salários aviltados. Empresas estrangeiras são vistas como<br />

exploradoras de mão-de-obra barata e, para a maioria dos trabalhadores, as<br />

negociações coletivas continuam incipientes.<br />

Este quadro contrasta com o do Ocidente. Nos países da UE15, instituições<br />

laborais são bem organizadas; princípios gerais são aprovados para todos os<br />

membros; cada Estado faz suas próprias adaptações; associações sindicais e de<br />

empregadores são participantes efetivos no diálogo social e nas negociações<br />

coletivas. Ou seja, a União Européia não é meramente uma zona de livre<br />

comércio, mas sim uma entidade supranacional com poderes Legislativo,<br />

29 Dados relativos ao segundo trimestre de 2006, entretanto, mostram uma melhora substancial na<br />

situação do desemprego. A taxa diminuiu drasticamente para 6% (Bureau Estatístico da Eslovênia,<br />

2006).<br />

Deslocamento de empresas para o Leste Europeu: implicações para o Brasil, José Pastore, p. 49-75<br />

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