Revista Economia n. 13.pmd - Faap
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pelo representante do Reino Unido, Gordon Brown, que sugeriu aos Estados<br />
Unidos e à União Européia a necessidade de reduzir o protecionismo agrícola,<br />
para que “países como Índia e Brasil possam oferecer a liberalização do setor de<br />
serviços e maior acesso a seus mercados” 13 .<br />
O ex-ministro Palocci havia defendido, também, na reunião do G-8 em<br />
Londres, em junho de 2005, a “posição do Brasil, contrária à intenção de<br />
transformar o FMI em um organismo supervisor das economias emergentes”,<br />
alegando que a finalidade dessa instituição era a de prevenir crises financeiras<br />
globais 14 . Em julho desse mesmo ano, na Escócia, o governo brasileiro também<br />
pedia o fim de todas as barreiras ao comércio internacional, incluindo os subsídios<br />
agrícolas no G-8.<br />
Além das questões de caráter econômico, diretamente vinculadas às disputas<br />
no comércio internacional entre as nações industrializadas e os países em<br />
desenvolvimento, o governo brasileiro, ao dar ênfase aos problemas sociais,<br />
procurou apresentar-se à comunidade internacional como país solidário aos menos<br />
aquinhoados pela fortuna, assumindo papel de vanguarda nesses debates. Por<br />
isso, em São Petersburgo, durante a reunião de ministros da Fazenda do G-8, o<br />
Brasil colocou em pauta um projeto para a criação de taxas sobre as passagens<br />
internacionais, fazendo uso dos possíveis recursos daí oriundos para combater a<br />
pobreza. Pelas reações dos demais membros presentes ao encontro, embora se<br />
tratasse de uma proposta politicamente correta, esse assunto com reduzida<br />
praticidade sequer foi considerado e simplesmente relegado 15 .<br />
O governo brasileiro tem agido incessantemente, em primeiro lugar, para<br />
ampliar o leque de opções políticas e econômicas, não interessando com que<br />
parceiros e onde se localizem, ainda que em várias ocasiões os dividendos tenham<br />
sido menores do que os custos. Em segundo lugar, ao realizar tais intercâmbios,<br />
procura-se angariar apoio para as demandas que o país tem, ora com o intuito<br />
de ocupar uma vaga permanente no Conselho de Segurança, ora para aumentar<br />
o número de países insatisfeitos com a presente ordem internacional.<br />
No que diz respeito às nações desenvolvidas, joga-se com a expectativa de<br />
que ampliando-se os intercâmbios o país seja visto como parceiro confiável,<br />
possuidor de um grande mercado consumidor e de recursos necessários à<br />
economia mundial, como o etanol e a biotecnologia, merecendo destarte a<br />
chance de usufruir de assento junto a eles, compartilhando o poder mundial.<br />
Entretanto, os resultados esperados nem sempre têm sido conseguidos em função<br />
de vários fatores. Um deles é a avaliação deficiente da realidade internacional,<br />
não conseguindo determinar com precisão os fatores negativos e positivos, o<br />
que prejudica a tomada de decisões. Ou seja, toma-se determinada resolução<br />
com a expectativa de um apoio que não se concretiza, porque esta possibilidade<br />
era extremamente reduzida desde o início. No relacionamento com a China,<br />
com os países africanos ou mesmo no quadro estritamente sul-americano o retorno<br />
13 Cf. Brasil vai participar de reunião do G7. O Estado de S. Paulo, 28 nov 2005, p. B5.<br />
14 Cf. SOFIA, J. Palocci cita crise política em reunião do G-8. Folha de S.Paulo, 12 jun 2005.<br />
15 Cf. OTTA, L.A.; GRANER, F. Brasil insiste no fundo antipobreza. O Estado de S. Paulo, 06 jun 2006,<br />
p. B9.<br />
O Brasil e os foros internacionais: os anos recentes, Shiguenoli Miyamoto, p. 35-48<br />
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