Revista Economia n. 13.pmd - Faap
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farmacêutica, que, em nível global, é apoiada pela Federação Internacional de<br />
Fabricantes Farmacêuticos & Associações (Fiffa). Naturalmente a Fiffa foca<br />
grande parte de suas energias na OMC junto à questão do Trips.<br />
Além do lobby, a literatura (ROWLANDS in JOSSELIN e WALLACE,<br />
2001) reconhece que contemporaneamente as EMNs podem agir diretamente<br />
como negociadores internacionais. Logicamente, quando uma EMN negocia<br />
diretamente com governos nacionais a instalação de uma nova fábrica, ela está<br />
agindo diretamente como negociadora internacional. Entretanto, o caso mais<br />
interessante é quando esta age como negociadora em um contexto<br />
intergovernamental, por exemplo conduzindo diretamente trabalhos em<br />
organizações intergovernamentais. Esse é o caso da Organização Internacional<br />
de Padronização (OIP), que através de seu comitê técnico 207 desenvolveu<br />
normas industriais relativas ao meio ambiente através da conhecida série ISO<br />
14000. Entretanto, o trabalho no comitê foi essencialmente conduzido por<br />
representantes das empresas, como Bayer, Du Pont, KPMG, Henkel etc.<br />
(ROWLANDS in JOSSELIN e WALLACE, 2001: 142).<br />
Aparentemente, à medida que os assuntos negociados nos fóruns<br />
internacionais se tornam cada vez mais técnicos, aumenta também a participação<br />
direta de representantes das empresas nesses processos. ROWLANDS (in<br />
JOSSELIN e WALLACE, 2001) afirma que nos trabalhos do Grupo Técnico<br />
da Convenção de Basiléia (lixos perigosos) havia sempre representantes das<br />
indústrias oferecendo informações técnicas e posicionamentos para afetar<br />
diretamente os resultados finais das negociações. Relatos desse tipo se repetem<br />
nas negociações sobre a camada de ozônio e Convenção de Biodiversidade,<br />
entre outros assuntos.<br />
Os comitês técnicos são um bom local para exercer essa influência direta,<br />
pois as empresas têm os recursos técnicos e financeiros para acompanhar as<br />
negociações e para avaliar o impacto da discussão e redirecioná-la para o seu<br />
interesse. Além disso, discussões mais técnicas costumam sofrer uma pressão<br />
menor da opinião pública. É por isso que ONGs como a Friends of Earth têm<br />
focado grande energia para acompanhar esses comitês técnicos e exercer uma<br />
contra-influência, buscando especialmente assessorar os países menos<br />
desenvolvidos.<br />
A Figura 1 mostra que contemporaneamente as corporações jogam jogos<br />
de negociação e lobby em múltiplas arenas (negociações internacionais diretas<br />
com Estados, negociações em fóruns intergovernamentais e negociação para<br />
formação de coalizões empresariais). Portanto, elas devem construir estratégias<br />
que envolvam ações simultâneas e/ou seqüenciais nessas arenas, incluindo<br />
também a formação de coalizões, nacionais e internacionais, para a promoção<br />
de interesses em comum. A figura mostra também que resultados de uma arena<br />
podem influenciar os resultados em outras arenas, ou seja, a promoção de<br />
determinado interesse de uma indústria nos Estados Unidos pode resultar em<br />
uma influência nas preferências dos Estados Unidos, que podem pressionar<br />
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<strong>Revista</strong> de <strong>Economia</strong> & Relações Internacionais, vol.6(13), 2008