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Revista Economia n. 13.pmd - Faap

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As As comunidades comunidades comunidades epistêmicas<br />

epistêmicas<br />

epistêmicas<br />

Outro conjunto importante de poder brando das empresas está associado à<br />

relação delas com as chamadas comunidades epistêmicas. ADLER e HAAS<br />

(1992) definem comunidades epistêmicas como uma rede de profissionais com<br />

reconhecida especialização e competência em uma área de conhecimento, que<br />

possuem em comum um conjunto de crenças e princípios normativos que<br />

provêem uma racionalidade de ação para os membros da comunidade; crenças<br />

causais derivadas da análise das práticas ou que contribuem para responder um<br />

problema central na disciplina e constituem a base para entender o<br />

relacionamento entre possíveis ações políticas e os resultados desejados;<br />

compartilham noções de validade que são os critérios internos para pesar e avaliar<br />

o conhecimento específico de uma área; e práticas comuns associadas às suas<br />

atividades de competência profissional que presumivelmente aumentariam a<br />

qualidade de vida dos seres humanos em geral.<br />

Resumidamente, ADLER e HAAS (1992: 375) indicam que a influência<br />

das comunidades epistêmicas na inovação política ocorre: 1) 1) delimitando os<br />

limites da controvérsia política em torno de um assunto; 2) 2) definindo os interesses<br />

dos Estados; e 3) 3) 3) definindo padrões (de julgamento ou regulação). Dentro desse<br />

contexto teórico, quanto mais técnico for um produto ou serviço de uma EMN,<br />

mais ela necessitará e buscará a legitimidade junto a uma comunidade epistêmica.<br />

Veja-se que, no debate sobre os transgênicos, o posicionamento da comunidade<br />

epistêmica é fundamental em questões como segurança dos produtos em relação<br />

a ecossistemas, seres humanos, processo de aprovação de novas sementes,<br />

comercialização dos produtos etc.<br />

O relacionamento entre as EMNs e as comunidades epistêmicas se dá de<br />

várias formas, entre as quais a contratação de profissionais exclusivamente para<br />

discutir tecnicamente os produtos com a comunidade epistêmica, prática esta<br />

bastante comum na indústria farmacêutica através de farmacêuticos e médicos<br />

contratados pelas EMNs; promoção de congressos e feiras, patrocínio a pesquisas<br />

independentes em universidades, distribuição de prêmios científicos etc.<br />

Logicamente, quanto mais próximo for o relacionamento da EMN com as<br />

comunidades epistêmicas e quanto mais ela mesma for produto de elementos<br />

notórios de uma comunidade (como várias empresas que desenvolvem produtos<br />

biotecnológicos), maior poderá ser o poder brando da empresa apoiado pela<br />

legitimidade dada por esta comunidade epistêmica. O apoio da comunidade<br />

epistêmica, ou de parte substancial dela, pode ser fundamental na batalha<br />

regulatória em Estados nacionais específicos, assim como no front<br />

intergovernamental refletido em locais como a UE e a OMC.<br />

Talvez a relação entre as EMNs e as comunidades epistêmicas seja uma das<br />

facetas mais importantes do poder brando dessas empresas. ARTS (2003)<br />

identifica a relação entre EMNs e as comunidades epistêmicas como parte do<br />

poder discursivo, entendido como a capacidade de reformular o discurso de<br />

uma outra parte. Uma faceta importante dessa relação são os think tanks criados<br />

e sustentados por grandes corporações. STONE (in JOSSELIN e WALLACE,<br />

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<strong>Revista</strong> de <strong>Economia</strong> & Relações Internacionais, vol.6(13), 2008

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