27.08.2013 Views

Revista Economia n. 13.pmd - Faap

Revista Economia n. 13.pmd - Faap

Revista Economia n. 13.pmd - Faap

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Cabe então indagar se essa ênfase na realidade, como ponto de partida e de<br />

chegada da ciência, não se revelaria uma certa “fé”, quase religiosa, de Einstein.<br />

Vale a pena examinar essa questão. Einstein acreditava na existência de uma<br />

realidade objetiva, independente da nossa observação. Quem seria então o autor<br />

dessa natureza? Haveria um criador dessa natureza que Einstein observava e<br />

procurava desvendar através da ciência? Como salienta Isaacson, “na maturidade<br />

Einstein acreditou mais firmemente que existia uma ‘realidade’ objetiva,<br />

pudéssemos ou não observá-la. A crença num mundo externo independentemente<br />

de a pessoa observá-lo, dizia ele muitas vezes, era a base de toda a ciência”<br />

(p.345). Nesse sentido Issacson também enfatiza que Einstein se afastou da<br />

mecânica quântica porque esta abandonava a causalidade estrita.<br />

A razão para aferrar-se à causalidade e à realidade objetiva, na opinião de<br />

Isaacson, era que, tal como Spinoza, acreditava “que havia um projeto divino<br />

representado nas elegantes leis que governam o modo como funcionava o<br />

universo” (p.346). Mesmo que a mecânica quântica – que questionava a<br />

causalidade – estivesse ganhando terreno, para Einstein “uma vozinha interior<br />

me diz que ela ainda não é verdadeira. A teoria diz muito, mas ela não nos deixa<br />

mais perto dos segredos do Velho Deus. Eu, de todo modo, estou convencido de<br />

que Ele não joga dados” (apud ISAACSON, p. 346). Se Einstein estivesse<br />

convencido de que probabilidades e incertezas governam a natureza no universo,<br />

“nesse caso, eu preferiria ser sapateiro, ou mesmo empregado de um cassino, a<br />

ser físico” (apud ISAACSON, p. 335).<br />

Einstein acreditava em Deus, uma inteligência suprema que ordenou o<br />

mundo físico, o admirável artista da natureza. Einstein não parecia estar<br />

preocupado com a prova da existência de Deus. Através do princípio de<br />

causalidade a filosofia realista estuda a existência de Deus como causa incausada,<br />

ou seja, causa primeira e princípio de toda a causalidade. Einstein, porém, não<br />

era filósofo, mas cientista. Do ponto de vista da filosofia realista, afirmar a<br />

existência de Deus não requer fé. É uma conclusão filosófica a partir de um<br />

princípio filosófico. Ou seja, não é necessária uma fé religiosa para afirmar a<br />

existência de Deus.<br />

Qual foi o papel da religião na vida de Einstein? Embora, tal como narra o<br />

seu biógrafo, ele tenha estudado em uma escola católica aos 6 anos, onde<br />

aprendeu os fundamentos da religião católica e, mais adiante, ao completar 9<br />

anos tenha participado de um colégio perto de Munique em que aprendeu a<br />

religião judaica, ao completar 12 anos se afastou da religião e nunca mais teve<br />

práticas religiosas. Em entrevista concedida a George Viereck, pouco depois de<br />

completar os 50 anos, foi-lhe perguntado: “Até que ponto o senhor é influenciado<br />

pelo cristianismo? ‘Quando criança recebi instrução tanto sobre a Bíblia como<br />

sobre o Talmude. Sou judeu, mas sou fascinado pela luminosa figura do<br />

Nazareno’. O senhor aceita a existência histórica de Jesus? ‘Sem dúvida! Quem<br />

pode ler os Evangelhos sem sentir a presença real de Jesus? Sua personalidade<br />

pulsa em cada palavra’” (apud ISAACSON, p.396).<br />

Einstein – Sua vida, seu universo, ISAACSON, Walter. Einstein – Sua vida, seu..., p. 197-203<br />

201

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!