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Revista Economia n. 13.pmd - Faap

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Considerações Considerações finais<br />

finais<br />

Quando se avaliam todas as reformas empreendidas pelos países selecionados<br />

e que, segundo o Goldman Sachs, explicam sobremaneira o interesse das empresas<br />

de outros países em realizar riqueza em tais territórios, fica uma questão. Será<br />

que tais reformas são, de fato, o determinante? Se assim fosse, por que o Brasil,<br />

que dentre os países selecionados mais se aproximou de uma lógica pró-mercado,<br />

na verdade não apresenta a mesma trajetória da China ou da Índia em termos<br />

de capacidade de atratividade? Não é necessário lembrar que a China, embora<br />

tenha elementos tipicamente capitalistas, ainda é uma economia de natureza<br />

socialista em termos de organização política e que a Índia, a despeito de<br />

empreender uma série de reformas de modo a ter estruturas típicas de mercado<br />

e “jogar o jogo”, tem no Estado um agente que se fortalece e assume<br />

compromissos políticos que nem de longe lembram a postura brasileira de clara<br />

submissão ao capital internacional12 . A Rússia, que também se alinha de forma<br />

muito mais “subordinada” aos interesses capitalistas, também nem de longe<br />

reproduz a trajetória chinesa ou indiana.<br />

Esses fatos, per si, já colocam em questionamento o argumento de que o<br />

simples realizar de reformas seja elemento necessário e suficiente para a<br />

atratividade de capitais internacionais. Nesse sentido, a hipótese que norteia o<br />

trabalho se confirma quando se avalia a forma que os investimentos externos<br />

diretos assumem em cada uma dessas nações.<br />

No caso do Brasil, para o período analisado, o volume de IED explica-se<br />

sobremaneira pelos processos de privatizações das empresas. Por se tratar de<br />

grandes corporações que em função do valor, em geral, não poderiam ser<br />

adquiridas por grupos domésticos, houve no capital externo a efetivação da venda.<br />

Do ponto de vista do capital internacional tratava-se de negócios interessantes<br />

(o que pode ser constatado pelos enormes ágios que ocorreram). No período<br />

mais recente (início do século XXI) também se verifica um volume crescente de<br />

IED que já não pode mais ser associado aos processos de privatização. Tais<br />

volumes, entretanto, distam enormemente em termos de valores dos<br />

investimentos que se destinam à China ou à Índia. Aspectos que podem explicar<br />

tal desempenho da economia brasileira devem ser buscados não em fatos<br />

conjunturais (como é tão comum à maioria das analises econômicas), mas em<br />

gargalos estruturais como a ausência de canais de financiamento de longo prazo,<br />

a elevada concentração de renda e a inexistência de uma classe empresarial<br />

comprometida (Corte, 2007).<br />

A Rússia, ao se aproximar do sistema capitalista, empreende uma reforma<br />

de natureza política, desestruturando o então formato de organização social<br />

sem se preparar economicamente para tal passo – ao contrário do que<br />

aparentemente a China está fazendo, que é criar instituições e uma elite<br />

empresarial de natureza privada que efetivamente possa liderar o processo de<br />

desenvolvimento econômico. Em outras palavras, a Rússia faz uma reforma<br />

política que antecede uma reforma econômica e joga a economia e a sociedade<br />

166<br />

12 No caso da Índia, a divisão social por castas é um empecilho importante porque limita o acesso ao<br />

consumo a uma respeitável parcela da população.<br />

<strong>Revista</strong> de <strong>Economia</strong> & Relações Internacionais, vol.6(13), 2008

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