Revista Economia n. 13.pmd - Faap
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da China a partir da revolução comunista – uma grande população, baixo grau<br />
de desenvolvimento das forças produtivas, em particular, baixa disponibilidade<br />
de terra agriculturável per capita – o aumento da produção e da produtividade<br />
agrícola eram metas estratégicas. Ao mesmo tempo, impunha-se a necessidade<br />
política e econômica de acelerar a industrialização pesada” (Medeiros:1999,<br />
382-383). Baseado nos objetivos de reunificação de território, além do intuito<br />
de modernizar sua economia e ter uma maior inserção internacional, Deng<br />
Xiaoping, segundo Medeiros (1999), formula a estratégia de “um país, dois<br />
sistemas” com metas listadas em 1980, tais como a luta contra a hegemonia, a<br />
reintegração de Taiwan ao território chinês e a aceleração da reconstrução<br />
econômica. Com isso, a China passa a apresentar um programa, a partir de<br />
1978, de reformas e desenvolvimento estratégico 8 .<br />
A criação das ZEE 9 retrata bem o regime de promoção de exportação,<br />
uma vez que empresas vinculadas a essas zonas têm isenção de impostos e<br />
liberdade cambial, buscando a atração de investimentos para indústrias de setores<br />
exportadores e setores voltados para a substituição de exportações. Já as empresas<br />
que se encontram fora do regime das ZEE são voltadas para o desenvolvimento<br />
de mercado interno, com restrições, como cotas e barreiras não-tarifárias,<br />
estabelecendo assim dois regimes.<br />
Com o êxito das ZEE, foram estabelecidas as Zonas de Desenvolvimento<br />
Econômico e Tecnológico (ZDET), que, segundo Acioly (2005), tinham como<br />
foco incentivar os investimentos estrangeiros em tecnologia para os setores de<br />
energia e transporte. Foram criados Triângulos de Desenvolvimento com o<br />
intuito de atração de investimentos. Dentro deste quadro, Acioly (2005) destaca<br />
que a criação das Zonas Econômicas Especiais incentivou a entrada de<br />
corporações transnacionais para o setor industrial, que passou a absorver grande<br />
parte do total de IED no país.<br />
A partir de 1992, foram realizadas reformas institucionais, novas leis sobre<br />
as empresas, reformas fiscais e tributárias, uma maior abertura no mercado<br />
financeiro com o início de operações de open market, abertura do mercado de<br />
títulos em bases experimentais, ampliação da autonomia e especialização dos<br />
bancos centrais. No Plano Qüinqüenal de 1996-2000, as reformas da previdência<br />
e das empresas estatais constituem, junto com a questão social, o ponto-chave.<br />
Desde então, a China vem apresentando uma performance econômica admirável<br />
e se coloca como uma economia forte, demonstrando inclusive que a<br />
centralização política por parte do Estado não foi empecilho (senão estímulo) a<br />
uma trajetória que até então se coloca como exitosa.<br />
Nesse sentido, a China evidentemente passa a atrair um volume de<br />
investimentos sob a forma de IED crescentes e vultuosos. Observa-se a crescente<br />
atração de IED a partir de 1992, segundo Monteiro Neto (2005) decorrente<br />
principalmente do processo de liberalização do regime de IED.<br />
8 Segundo Monteiro Neto (2005), as reformas determinadas pelo PCC tinham o objetivo de abertura da<br />
economia chinesa para o exterior.<br />
9 As zonas econômicas especiais (ZEE) começaram com quatro: Shenzhen, Zhuhai, Xiamen e Shantou,<br />
e se espalharam pelas zonas costeiras, com um regime de processamento de importações com empresas<br />
locais contratadas por empresas estrangeiras, ou com a participação estrangeira com autonomia de<br />
exportação. (MEDEIROS: 2006)<br />
A lógica da concorrência sistêmica: uma avaliação a partir dos BRICs, Flávia Carrasco Rubio, p. 147-169<br />
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