Revista Economia n. 13.pmd - Faap
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Os antagonismos à soberania do Brasil e de seus vizinhos na região ainda se<br />
encontram numa fase não-explícita, mas latente, pelo menos em relação ao<br />
público em geral. Situam-se no âmbito de agentes internacionais infiltrados em<br />
organizações religiosas e de pesquisas, colhendo informações sobre as potenciais<br />
riquezas econômicas, bem como sobre condições do ambiente da selva, suas<br />
adversidades e soluções de contorno. Acrescente-se ainda a ação de líderes políticos<br />
de países desenvolvidos, que procuram testar a reação a propostas de tutela<br />
internacional para a região. Diante desses óbices, mencionaremos vários pontos<br />
fracos e fortes, cujo exame poderá transformar desafios em oportunidades e<br />
motivação para alcançar o desenvolvimento e a integração dos países da região.<br />
Entre os pontos fracos, destacam-se: (a) (a) o despreparo do Poder Executivo,<br />
tanto federal como estadual e municipal, para coibir e fiscalizar os ilícitos de<br />
fronteira, bem como o significativo volume de recursos envolvidos nesses ilícitos,<br />
facilitando a sua disseminação e a corrupção; (b) (b) ineficiência do Poder Judiciário<br />
na coerção e punição dos envolvidos nos ilícitos, principalmente quanto aos<br />
criminosos de colarinho branco; (c) (c) falta de prioridade para a defesa das fronteiras<br />
e desenvolvimento da região, implicando na alocação deficiente de recursos nos<br />
orçamentos públicos para projetos de desenvolvimento e fiscalização; (d) (d) falta<br />
de consciência cívica da população, inclusive a indígena, que poderia auxiliar o<br />
poder público na denúncia de ilícitos, colaborando para sua coerção; e (e)<br />
(e)<br />
abandono do Programa Calha Norte.<br />
Como pontos fortes, destacam-se: (a) (a) a capacidade do Brasil na área de<br />
telecomunicações e energia elétrica, facilitando integração eletrônica de regiões<br />
de difícil acesso; (b) (b) a possibilidade de utilização do Projeto Sipam/Sivam, que<br />
poderia, além do controle do tráfego aéreo em toda a região, monitorar larga<br />
faixa fronteiriça, por meio do levantamento de informações específicas sobre as<br />
pontas de fronteira; (c) (c) a tradição de engajamento permanente das Forças<br />
Armadas no apoio e na defesa da soberania brasileira na região; (d) (d) a capacidade<br />
do Ministério das Relações Exteriores do Brasil na reposição de marcos de<br />
fronteira e na rápida solução de crises nas regiões fronteiriças; (e) (e) (e) a disposição<br />
atual do Governo Federal de prover condições empresariais para o<br />
desenvolvimento sustentável da região amazônica.<br />
6. 6. 6. Considerações Considerações finais<br />
finais<br />
É conhecida a importância estratégica da Amazônia para o século XXI<br />
devido ao potencial de suas riquezas minerais (incluindo petróleo e gás), sua<br />
biodiversidade, seus 20% das reservas de água doce do planeta, grande extensão<br />
territorial e insolação em todas as estações do ano. O Brasil tem a soberania de<br />
68% da Amazônia, dentro do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), assinado<br />
em 1978 e em vigor desde 1980, tendo o Peru 10%, a Colômbia 6,9% e a Bolívia<br />
5,4%, seguidos de participações menores da Venezuela, Equador, Guiana e<br />
Suriname. Por essa participação majoritária, por sua economia e população,<br />
bem como representatividade internacional, o papel geopolítico do Brasil é<br />
fundamental para a preservação da soberania de todos os países do TCA.<br />
Pontas de fronteira na Amazônia Brasileira – um enfoque geopolítico, Fernando Cariola Travassos, p. 121-133<br />
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