Revista Economia n. 13.pmd - Faap
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portanto, o banco prefere não fechar determinados negócios a se envolver com<br />
este tipo de prática. Logicamente, esta é uma decisão estratégica global que<br />
não vale apenas para o Brasil.<br />
Uma empresa nacional costuma operar segundo as regras e a cultura de seu<br />
país, mas uma EMN opera segundo a cultura global da empresa, que na maior<br />
parte das vezes é mais próxima à cultura do país-sede (PAULY e REICH, 1997).<br />
Entretanto, do ponto de vista de visão de negócio, a lógica de ação é<br />
transnacional, pois a ação em um país X pode afetar no mínimo a imagem e,<br />
por que não, a competitividade da empresa em todos os outros países (como em<br />
um escândalo de contaminação de alimentos ou envolvimento em corrupção).<br />
Outra característica interessante do lobby transnacional é que ele envolve a<br />
participação de executivos de outros países que buscam avançar politicamente<br />
os interesses da empresa em um determinado país. Este executivo pode ser, por<br />
exemplo, espanhol, trabalhando para uma corporação de origem suíça, e que<br />
tem uma missão de negociar com as autoridades brasileiras a manutenção da<br />
patente de um determinado medicamento.<br />
Segundo um executivo da General Electric, a empresa “emprega uma equipe<br />
de relações com o governo em nível mundial. Eles não usam os times locais de<br />
marketing pois a empresa entende que as relações com o governo exigem<br />
conhecimentos diferentes (...) Usando um time dedicado a relações<br />
governamentais tem sido uma verdadeira receita do sucesso, e eu acredito que<br />
esta seja a melhor forma de alcançar uma influência global” (WATKINS,<br />
EDWARDS e THAKRAR, 2001: 199).<br />
Seja em contextos nacionais, seja em internacionais, é extremamente<br />
importante que as empresas sejam capazes de construir coalizões capazes de<br />
potencializar a defesa de determinados interesses. As coalizões envolvem um<br />
grande grupo de empresas que têm interesses em comum. As coalizões não só<br />
diminuem o custo financeiro do lobby, mas funcionam como uma organização<br />
não-governamental que legitimamente defende o interesse de um grupo e não<br />
de uma empresa em particular. Portanto, a coalizão dá uma grande legitimidade<br />
para a ação política em torno de determinado interesse comum ao empresariado.<br />
É claro que no contexto brasileiro a Associação Brasileira da Indústria<br />
Farmacêutica (Abifarma) pode funcionar como a coalizão das empresas do setor<br />
farmacêutico (inclusive de transnacionais) para a promoção, em nível nacional,<br />
de uma determinada agenda política comum. Da mesma forma, a Confederação<br />
Nacional da Indústria (CNI) deve buscar influenciar a formação da política<br />
externa brasileira para a promoção do interesse da indústria nacional no contexto<br />
de negociações multilaterais tais como Alca e OMC.<br />
Em uma economia altamente globalizada os interesses empresariais também<br />
transcendem as fronteiras nacionais. Nesse sentido, é interessante notar que a<br />
Associação Americana de Soja (AAS) possui 9 escritórios internacionais para<br />
defender o interesse de produtores de soja transgênica. Em Bruxelas, por exemplo,<br />
o escritório localiza-se estrategicamente na Rue de Luxembourg, 23, muito<br />
próximo dos edifícios da Comissão Européia e dos Diretórios-Gerais. A natureza<br />
do processo de integração europeu faz com que grande parte das coalizões<br />
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<strong>Revista</strong> de <strong>Economia</strong> & Relações Internacionais, vol.6(13), 2008