Revista Economia n. 13.pmd - Faap
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origem. A busca incessante por ampliação do market share explica em sua quase<br />
totalidade a forte saída de capitais produtivos, inclusive para a periferia do sistema<br />
capitalista (especialmente América Latina), nos anos 50 e 60.<br />
Por meio do Plano Marshall, no pós-Segunda Guerra Mundial, os EUA<br />
forneceram capital para importação de bens de capitais e matérias-primas norteamericanas<br />
por parte dos países europeus. Dentro deste contexto, o sistema de<br />
produção dos países industrializados passou a seguir o modelo fordista norteamericano,<br />
que tinha como pilastras de sustentação não somente a prioridade<br />
na produtividade elevada com base em linhas de produção, mas também em<br />
uma lógica de defesa dos salários para que o destino dos bens então produzidos<br />
(bens de consumo duráveis, especialmente eletrodomésticos e automóveis) deixe<br />
de ser consumido somente pela classe mais abastada, mas que se estenda como<br />
possibilidade de consumo para a classe média 1 .<br />
Com a alta da taxa de juros norte-americana em 1979 e conseqüentemente<br />
a valorização do dólar (regime de câmbio flutuante), em termos financeiros<br />
ocorre um direcionamento dos fluxos em direção ao mercado norte-americano.<br />
Entretanto, em termos comerciais há uma elevada perda de competitividade<br />
dos produtos norte-americanos, o que aprofunda a recessão não apenas por meio<br />
das variáveis consumo e investimento, mas também das exportações. Se os EUA<br />
perdem competitividade, as outras nações ganham: a moeda japonesa (iene) se<br />
torna extremamente desvalorizada e permite ao Japão criar excedentes<br />
exportáveis de tal magnitude que estimulam a demanda agregada do continente<br />
asiático como um todo – originando o conceito de Paradigma dos Gansos<br />
Voadores, que diz respeito ao desenvolvimento de um modelo econômico baseado<br />
no aproveitamento de fatores da região asiática, liderados pelo Japão – e a Ásia<br />
passa a assumir um papel importante enquanto centro possível de atratividade<br />
de capitais.<br />
Dessa forma, o novo modelo, o Toyotismo, trará nos anos 80 um modelo<br />
de gestão que busca na minimização dos custos a geração de lucros<br />
extraordinários. Tal movimento contribui para uma forma de produção – empresa<br />
flexível ou de montagem – que será determinante para explicar um forte<br />
movimento de saída de capitais, principalmente a partir dos anos 80. O propósito<br />
agora não é somente ampliar market share, mas principalmente ser um ator<br />
global em contexto de competitividade sistêmica. Assim, as firmas buscam<br />
incessantemente a exploração de oportunidades, possibilitando a fragmentação<br />
das estruturas produtivas, em um novo sistema mundializado.<br />
A utilização do termo mundialização retrata o capitalismo contemporâneo,<br />
que, segundo Chesnais (1996), possui novos fatores de interdependência, tanto<br />
no campo econômico quanto social, sendo os investimentos internacionais sua<br />
148<br />
1 Feitas tais considerações, vale a pena relembrar a famosa frase do economista polonês Michael Kalecki<br />
na qual explicita que os lucros do capitalista industrial estão estritamente associados ao poder de<br />
consumo dos trabalhadores: “os capitalistas ganham tudo o que gastam e os trabalhadores gastam tudo<br />
o que ganham”.<br />
<strong>Revista</strong> de <strong>Economia</strong> & Relações Internacionais, vol.6(13), 2008