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Revista Economia n. 13.pmd - Faap

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ficou muito aquém do desejado. O segundo é a inadequada aferição de seu real<br />

poder e capacidade de articulação, ocasionando fracassos que poderiam ser<br />

evitados. Além do mais, ao se lançar na disputa por cargos e não sair vitorioso, o<br />

Brasil ainda deu margem para que constrangimentos com outros fossem<br />

suscitados.<br />

Por outro lado, a disputa contínua por cargos projeta a imagem de que o<br />

país quer assumir uma liderança ambiciosa, sem avaliar devidamente os riscos,<br />

faltando-lhe sensibilidade política e motivando descontentamentos por parte<br />

dos vizinhos, que não querem repetir situação vivida nos anos 60 e 70, quando<br />

se falou no Brasil Potência e nas fronteiras ideológicas. As ressalvas de países<br />

como Argentina, México e Venezuela sobre a pretensão brasileira no Conselho<br />

de Segurança são bastante elucidativas a esse respeito, ao alegarem que o assunto<br />

ainda não está devidamente colocado na agenda da ONU, motivo pelo qual<br />

não se deve antecipar discussões, gerando controvérsias inúteis. Outro elemento<br />

desabonador refere-se à forma de agir no Mercosul, porque ao ceder em várias<br />

oportunidades o Brasil tem causado a sensação de fragilidade frente ao vizinho<br />

argentino, demonstrando falta de capacidade ou vontade para opor-se com mais<br />

vigor às políticas do parceiro, e deixando de lado a propalada altivez da política<br />

externa nacional.<br />

É, contudo, no cenário mais amplo das relações internacionais que se<br />

encontram as demandas e ambições nacionais. Prova disso é o constante<br />

movimento em foros como o G-8, inclusive com a tentativa de fazer parte do<br />

mesmo. Por isso, em junho de 2004, a Chancelaria manifestou desagrado quando<br />

o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, ao citar a China e a Índia, não<br />

mencionou o Brasil, deixando-o de lado como um dos países que estariam aptos<br />

a manter o papel de interlocutor permanente com o bloco do G-8 16 . A reação<br />

do governo brasileiro tinha seus motivos, porque naquele momento era intenso<br />

o trabalho diplomático para ver reconhecida a sua pretensão de ingressar no G-<br />

8. Já que a China fora lembrada, o país reivindicava igual tratamento, apesar de<br />

receber gestos simpáticos vindos da França e da Alemanha. O raciocínio<br />

brasileiro acerca de seu papel nos negócios mundiais ficou muito claro no<br />

comentário feito pelo chanceler Celso Amorim: “É melhor para os próprios<br />

países desenvolvidos [o aceite dos países em desenvolvimento no G-8], pois,<br />

afinal, hoje em dia, o que acontecer no Brasil, na China e na Índia terá influência<br />

nos outros. Então temos de participar das coisas, não podemos ser só objeto das<br />

decisões” 17 . Como se veria depois, entre o discurso e a dura realidade dos fatos a<br />

distância se apresentou bastante grande. Naquela ocasião, em junho de 2004, o<br />

Brasil considerou positivo o possível apoio francês e alemão às suas pretensões.<br />

Três anos depois, porém, o fato de Angela Merkel ter convidado Brasil, Índia,<br />

China, México e África do Sul para participarem do encontro do G-8 em junho<br />

de 2007, em Heiligendamm, não implicou em nenhuma condição para aceitálos<br />

como membros permanentes, colocando as coisas em seu devido lugar,<br />

44<br />

16 Cf. SOLIANI, A. Aceno de Berlusconi à China irrita Itamaraty. Folha de S. Paulo, 13 jun 2004.<br />

17 Cf. CELESTINO, H. Amorim: mais apoio para Brasil no G-8. O Globo, 25 jun 2004.<br />

<strong>Revista</strong> de <strong>Economia</strong> & Relações Internacionais, vol.6(13), 2008

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