arg<strong>um</strong>entativas, como percepção, que não constitui somente <strong>um</strong> decalque deoperações lingüísticas (como se vê no exemplo em que EF se vale da escova).A arg<strong>um</strong>entação forja-se como <strong>um</strong> saber que não prescinde de aspectossócio-cogntivos, textuais, interativos, pragmáticos - que demandam <strong>um</strong>a condutaarg<strong>um</strong>entativa que não pode ser reduzida a <strong>um</strong> domínio específico, seja elelingüístico ou cognitivo.Importa destacar, visto o exposto, que heuristicamente é mais produtivo, aotratar da relação enunciativamente estabelecida entre arg<strong>um</strong>entação ecompetência, o trabalho com <strong>um</strong>a concepção larga de enunciação - sobretudoporque estará atrelada às questões de linguagem, de cognição e de interação.89
5. Considerações finaisA abordagem enunciativa com que orientei minhas análises, bem como aespecificidade de <strong>um</strong> corpus de linguagem comprometida pelas restrições que aafasia impõe, possibilitaram <strong>um</strong>a série de reflexões acerca da relação entrecompetência e arg<strong>um</strong>entação, com base <strong>nas</strong> interações desenvolvidas no Centrode Convivência de Afásicos.Nesse cenário, a particularidade do corpus explicita a busca e o uso derecursos verbais e não-verbais utilizados pelos afásicos em suas condutasarg<strong>um</strong>entativas. Essas diferentes semioses se imbricam na situação enunciativa, oque implica dizer que os sujeitos afásicos (e também os não-afásicos) evocamsaberes diferentes, dos quais se valem para arg<strong>um</strong>entar de maneira competenteem relação a seus propósitos discursivo-conversacionais.As <strong>afasias</strong> não massivas - como as que apresentam os sujeitos desta tese -comprometem, mas não destroem por completo nem a postura meta destesafásicos, nem a sua competência relativamente à linguagem, <strong>um</strong>a vez que todostêm <strong>um</strong>a história enquanto sujeitos de linguagem, cuja memória não perderam.Nesse sentido, as restrições lingüísticas provocadas pela afasia acabam porexplicitar os caminhos lingüísticos (manipulação de operadores arg<strong>um</strong>entativos,prosódia), cognitivos (entonação, desenhos, direcionamento do olhar) epragmáticos (conhecimento de mundo, manipulação de leis discursivas,reconhecimento de intenção) que o afásico percorre para arg<strong>um</strong>entar.Neste ponto, retomo a questão em torno dos ganhos heurísticos advindosda postulação de <strong>um</strong>a competência específica – de ordem estritamente lingüísticaou cognitiva – para arg<strong>um</strong>entar, ou da postulação de <strong>um</strong>a competência de ordemmais abrangente, relativa às mais diversas semioses, que possibilite, em relação àlinguagem, arg<strong>um</strong>entar – e arg<strong>um</strong>entar aqui significa fazê-lo de maneira adequadaàs diferentes situações interativas de que o sujeito participa, em relação aosdiferentes gêneros discursivos e aos diferentes auditórios com que interage.Na literatura lingüística, como visto nos capítulos precedentes, sãoencontradas posições como a de Kerbrat-Orecchioni, que postula diferentes90
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Eliana da Silva TavaresCOMPETÊNCIA
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AbstractMy dissertation is inscribe
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de constituição mútuas. Nesse ca
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o estudo do sentido deve levar em c
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3. CompetênciaMinha questão neste
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