perceber, eu tive sorte com as sogras, é grande amiga, <strong>um</strong>a morreu, outra tá vivae a terceira mora perto de casa. Me dou bem com as sogras, esse ditado não épra mim.(VI) Devagar se vai ao longe.CI: Sabe que “Devagar se vai ao longe“, atenção, cuidado, é h<strong>um</strong>ildade, é, é <strong>um</strong>bom sinal, mas eu discordo, <strong>um</strong> pouco, porque tem que ter pressa, porque otempo exige pressa, então tem que ser mais rápido e com atenção.Cazelato solicita a CI que imagine <strong>um</strong>a situação de uso para os provérbiosFeliz foi Adão que não teve sogra e Devagar se vai ao longe. Diante desta tarefa,CI demonstra compreender o sentido dos provérbios e ainda pondera, rejeitando apossibilidade de que sejam aplicados à sua situação pessoal – CI.Dessa forma, CI, por meio de <strong>um</strong>a operação meta-enunciativa, re-orienta aspossibilidades de encadeamento arg<strong>um</strong>entativo esperadas, porque altera oescopo enunciativo. CI se coloca em posição contrária a do enunciador proverbial(E2), já que, em ambos os casos, reconhece o universo discursivo para os quaisos provérbios apontam 46 , mas rejeita a aplicação dos provérbios a si mesmo.Assim, a Pragmática integrada respeita os fenômenos enunciativos inscritosna própria estrutura da língua. Anscombre e Ducrot (1976) delimitam seu objeto apartir de duas hipóteses:(a) externa, a qual determina que os dados observáveis são objeto de construção,ou seja, o objeto da Pragmática integrada não será constituído pelo enunciado X,mas pela determinação do sentido Y a ele atribuído;(b) interna, segundo a qual a Pragmática integrada deve compreender asignificação das frases, tomando, para tanto, as bases gerais do cálculosubjacente à sua interpretação e explicando o caminho de acesso ao sentido.Para que a noção de Pragmática integrada possa dar conta dessashipóteses, é preciso considerar a noção de instrução, que deve indicar como os46 CI rejeita os topoi intrínsecos e acrescenta topoi extrínsecos aos provérbios, movimento que somente podeser estabelecido a partir da enunciação. Veja à página 75 a apresentação da noção de topoi.77
enunciados modificados pelos operadores arg<strong>um</strong>entativos (OAs) 47devem serinterpretados. Ao lado dessas instruções arg<strong>um</strong>entativas, as instruçõesenunciativas (...) indicam como integrar ao sentido do enunciado a enunciação(Moeschler: 1985, 75-76) 48 .As instruções arg<strong>um</strong>entativas estão associadas aos operadores (econectivos) arg<strong>um</strong>entativos, indicando a orientação arg<strong>um</strong>entativa das frases ouenunciados modificados, e também o tipo de ato arg<strong>um</strong>entativo realizado; já asinstruções enunciativas estão associadas às marcas enunciativas, indicando amaneira como o sentido do enunciado faz alusão à enunciação - sem deixar deconsiderar as instruções discursivas, que respeitam o encadeamento adequado àspropriedades semânticas, pragmáticas ou arg<strong>um</strong>entativas desse enunciado.Segundo Moeschler (1985: 77) 49 ,A noção fundamentalmente ligada a <strong>um</strong>a pragmática integradae a <strong>um</strong>a teoria de arg<strong>um</strong>entação é aquela de discurso ideal. Aexpressão semântica do discurso ideal (utilizada por Ducrot1972, 1978) designa os aspectos do discurso que podem serformulados em termos de instrução. Um discurso é então idealdesde que seja produzido de acordo com as hipótesesinter<strong>nas</strong> da pragmática integrada, isto é, de acordo com asinstruções enunciativas, arg<strong>um</strong>entativas e discursivas.Na interpretação dos provérbios, a re-orientação da significação somente épossível a partir da operação meta-enunciativa realizada por CI. Fenômenoslingüísticos dessa natureza explicitam a perspectiva de que o sentido faz alusão àenunciação, e que portanto os aspectos enunciativos são determinantes para aorientação da significação, bem como para sua força arg<strong>um</strong>entativa.47 Em linhas gerais, X é considerado <strong>um</strong> Operador Arg<strong>um</strong>entativo (OA) em relação à frase P se: a) a partir deP for possível a construção de <strong>um</strong>a frase P', formada por (OA) + P; b) <strong>um</strong> enunciado P e outro P' tiveremorientação arg<strong>um</strong>entativa bem delimitada, seja ela convergente ou divergente; c) P e P’ apontarem diferença<strong>nas</strong> conclusões suscitadas, ainda que os fatos descritos sejam os mesmos, porque o que está em questão écomo o sentido é estabelecido, a partir da orientação arg<strong>um</strong>entativa dos enunciados, e não seu caráterinformativo.48 A côté de ces instructions arg<strong>um</strong>entatives, les instructions énonciatives (...) donnent des indications sur lafaçon d´intégrer au sens de l´énoncé l´énonciation (Moeschler: 1985, 75-76).49 La notion fundamentale liée à une pragmatique intégrée et à une théorie de l´arg<strong>um</strong>entation est celle dediscour ideal. L´expression de sémantique du discour ideal (utilisée par Ducrot 1972, 1978) désigne lesaspects du discours qui peuvent être formulés em termes d´instruction. Um discours est donc ideal lorsqu´ilest produit en conformité avec les hypothèses internes de la pragmatique intégrée, i.e. en conformité avec lesinstructions énonciatives, arg<strong>um</strong>entatives et discursives (id.: ib., 77).78
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Eliana da Silva TavaresCOMPETÊNCIA
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AbstractMy dissertation is inscribe
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