A gênese do que a literatura lingüística denomina discurso surge com adivisão que faz Aristóteles relativamente à retórica, organizando-a em cincopartes.Em primeiro lugar está a invenção: de acordo com o tema em questão,prevalece a determinação dos arg<strong>um</strong>entos, que serão o exemplo ou o entimema;a tópica, que constitui parte essencial da invenção, pois é onde se dá o estudo doslugares – topoi – que serão tomados como arg<strong>um</strong>ento tipo ou para estabelecerreferência a <strong>um</strong> arg<strong>um</strong>ento de prova; a disposição, em que este material éordenado; a elocução, em que se dá a redação do discurso, com impressão doestilo do orador. Por último, a ação, que consiste no ato mesmo de enunciar odiscurso, com os gestos e a mímica adequados à situação.Aristóteles estabelece <strong>um</strong>a relação hierárquica entre Filosofia e retórica, afim de garantir à verdade, atrelada à Filosofia, <strong>um</strong> estatuto mais alto nessahierarquia. Assim, na hierarquia que estabelece ao dividir a retórica em quatropartes constitutivas, apresenta os três gêneros de sua organização, em função damaneira como qualifica a noção de arg<strong>um</strong>entação, mais precisamente, à maneiracomo se refere ao que denomina arg<strong>um</strong>entação dominante.A eloqüência, tão cara aos Sofistas, é apresentada em segundo plano naretórica aristotélica, em que a teoria da arg<strong>um</strong>entação é a invenção, seusconceitos essenciais são os topoi, materializados no entimema como fatodiscursivo complexo de lógica, de estilo e de efeitos 6 (Plantin: 2005, 01).Os estudos clássicos organizam suas especulações relativas àarg<strong>um</strong>entação por meio de duas vertentes: de <strong>um</strong> lado, a Lógica, concebida comoa arte de pensar, de outro, a retórica, a arte de bem falar.A Lógica clássica categoriza a arg<strong>um</strong>entação como a terceira dasoperações do espírito, responsável pela constituição do discurso racional, quaissejam (I) nomeação: apreensão e delimitação de <strong>um</strong> conceito, (II) juízo:construção de <strong>um</strong> enunciado, pela possibilidade de predicação, e por fim (III)arg<strong>um</strong>entação: responsável pelo encadeamento dos enunciados.6 la théorie de l’arg<strong>um</strong>entation est l’invention, ses concepts essentiels sont les topoi, matérialisés dansl’enthymème comme fait discursif complexe de logique, de style et d’affects (Plantin: 2005, 01).15
A Lógica dos predicados está vinculada às duas primeiras operações,enquanto à terceira cabe a Lógica das proposições, cujas regras sãoespecificadas em função de <strong>um</strong>a teoria do silogismo, que constituem as regras daarg<strong>um</strong>entação correta, cuja contraparte é constituída por <strong>um</strong>a teoria das falácias.De acordo com (Plantin: 2005, 02), este conjunto retórica/lógica/teoria das faláciasforma a base do sistema no qual a arg<strong>um</strong>entação foi pensada desde Aristótelesaté o fim do século XIX 7 .A retórica clássica categoriza a arg<strong>um</strong>entação como fato de discurso,socialmente significativo, em que a questão pública é considerada, justamenteporque o discurso [é o espaço] da tomada de decisão, do ataque da defesajudiciária e da elaboração contraditória dos grandes princípios. 8 (Plantin: 2005,01).Plantin (1996) procura restabelecer a importância dos Sofistas para aretórica e para a arg<strong>um</strong>entação, bem como para as categorias com que a noçãode arg<strong>um</strong>entação opera; assim, para o autor é pelos sofistas históricos que ainteração linguageira é colocada como a realidade última onde se jogam asrelações sociais 9 (id.: Ib., 07).Da Antigüidade, por meio da ordenação estabelecida por Aristóteles, aretórica resta como o domínio do provável, plausível, verossímil. A partir daRe<strong>nas</strong>cença, a arg<strong>um</strong>entação clássica deixa de ser a base da Retórica, que éexcluída dos cursos universitários, em função dos trabalhos em ciênciasexperimentais, que, por necessidade de <strong>um</strong> pensamento racional, aproximam aarg<strong>um</strong>entação de <strong>um</strong>a noção lógica matemática, buscando garantir-lhe <strong>um</strong>aautonomia e <strong>um</strong> caráter de veridicção; surge assim a Lógica Formal, à qual aarg<strong>um</strong>entação é atrelada.Com a publicação dos trabalhos de Gottlob Frege, em 1879, a Lógica deixade ser a arte de pensar e passa a ser considerada a arte de calcular, enquanto a7 cet ensemble rhétorique/ logique/ théorie des fallacies forme la base du système dans lequel l’arg<strong>um</strong>entationa été pensée depuis Aristote jusqu’à la fin du XIXe siècle (id.: ib., 02).8 le discours [é o espaço] de la prise de décision, de l’attaque de la défense judiciaire et de l’elaborationcontradictoire des grands principes (id.: ib., 01).9 chez les sophistes historiques l’interaction langagière est posée comme l’ultime réalité où se jouent lesrapports sociaux (id. Ib.: 07).16
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intersubjetividade, faz com que ess
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GUILLAUME, G. Temps et verbe. Paris
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